EDITORIAL AC

Feliz aniversário, Manaus!

Sétima cidade mais populosa do Brasil, Manaus completa nesta quinta-feira (24) 355 anos

Jornal A Crítica
24/10/2024 às 08:30.
Atualizado em 24/10/2024 às 08:30

Sétima cidade mais populosa do Brasil, Manaus completa nesta quinta-feira (24) 355 anos. Celebrar o aniversário de existência de uma cidade é parte das tradições e funciona como mecanismo de descobertas, religações afetivas e mesmo de comemorar.

Também é oportunidade de reflexões sobre o que é a cidade aniversariante na percepção dos seus moradores, dos serviços ofertados nas diferentes áreas, dos núcleos de poder nela existentes, de como funcionam e qual perfil têm. 

Junto as comemorações pela cidade estão situações que deveriam ter sido enfrentadas e superadas ao contrário da conduta administrativa histórica de repetir que Manaus é um problema e, dessa maneira, manter os obstáculos ativos e em situação crescente.

Não se ignora as reais dificuldades que a totalidade das cidades experimentam. Algumas em condição crítica, outras com problemas acentuados mais localizados. Manaus não é uma ilha diante dos descaminhos do desenvolvimento, ao contrário é exemplo daquilo que não deveria ter sido feito e, diferentes áreas, do que foi realizado de forma incompleta e equivocada.

Na cultura, a cidade oferece possibilidades ricas da diversidade dos seus habitantes que permanecem aguardando uma Manaus onde possam ser parte e se sentir acolhidos. Há déficit secular dessa composição em relação aos povos indígenas, porção maior da população da capital e do estado do Amazonas; da população preta e dos quilombolas. As representações de outros povos que na cidade desembarcaram estão nas marcas da arquitetura e da culinária. 

Se a presença dos povos daqui é rarefeita na cidade, outras que são os textos da história de Manaus estão ameaçadas pela política do abandono. A maioria dos prédios, na região central de Manaus, onde as culturas de outros povos foram destacadas, está em estado avançado de destruição, foram parcialmente destruídas ou destruídas. Manaus deveria ser vista e sentida como a soma dessas culturas nos diferentes ambientes do seu território, não do apagamento de algumas e da decomposição de outras.

A relação da cidade com a Natureza – anteriormente abundante, com cachoeiras, igarapés - permanece em desalinho. Prevaleceu a lógica de destruição desses ambientes em nome de um tipo de desenvolvimento.  A aliança com as árvores e com as águas que compuseram Manaus sofreu rupturas violentas, deixou danos irreparáveis e, hoje, é considerada peça do discurso bonito, mas não realizável. Que os próximos brindes ao aniversário de Manaus sejam por essas inclusões, de gente e não gente e bons pactos.

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