Mesa da SBPC posiciona ideia de debate fundamental sobre as agendas de pesquisa, os recursos humanos, tecnológicos, físicos e financeiros
(Reprodução/YouTube)
O efeito da mesa-redonda ‘Amazônia pela Independência e Democracia’, realizada no dia 6 pela seção Amazonas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC-AM), está em maturação. As falas da bancada reunida para abordar o assunto proporcionam e pedem reflexões.
Na mediação, os professores Marilene Correa da Silva Freitas (UFAM/SBPC) e Ennio Candotti (MUSA/SBPC), formularam posicionamentos e perguntas com teor mobilizador, em todas as instâncias, de pessoas realmente interessadas na independência e na democracia do Amazonas e da Amazônia.
Do painel de falas participaram os professores Katia Cilene do Couto, Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro (UFAM), Sônia Alfaia (INPA) e Roberto Sanches Murabarc (UEA). Cada um, em sua área de competência, contextualizou formas de dependências e da fragilidade democrática como um dos demarcadores dos padrões de vida na Região Democrática. É nessa formulação – uma espécie de tratado da gestão oficial das impossibilidades e da contínua negação das competências na/da Amazônia – que a mesa da SBPC posiciona uma ideia de debate fundamental sobre: as agendas de pesquisa na Amazônia, no Amazonas, os recursos humanos, tecnológicos, físicos e financeiros.
Ennio Candotti, na sua peregrinação indagativa e de busca de parcerias, questiona: Por que não se estuda a história da Suframa? Por que não se avança com a pesquisa e a implementação dos resultados dos fitoterápicos, cujo valor econômico é elevado? Por que os dados sobre o potencial humano da região para pesquisar a Amazônia não são abordados nos debates nacionais? Candodtti aponta 300 campi na região, 26 mil pesquisadores no Amazonas e 4.5 mil grupos de pesquisa institucionalizados.
Para Candotti, “nós temos muitas balas nas nossas cartucheiras e precisamos ir com mais firmeza nessa batalha porque não vão nos dar com facilidade o que nos pertence”. A mesma postura, de acordo com o pesquisador, vale para a Suframa. “Não vão nos dar o filé mignon e sim os ossos. Precisamos criar centros de pesquisa que possam evidenciar os números e ver o que está acontecendo, quais são os segredos guardados a ferro e fogo pelos industriais a ponto de ameaçarem ir embora se os incentivos baixarem de nível”. Isso tudo, afirma, é uma construção que 26 mil pesquisadores fazem a diferença em analisar o que está acontecendo. “Era o que sonhávamos em 2010, dizíamos que no dia que tivéssemos 20 mil pesquisadores nós faríamos uma revolução. Estamos com 26 mil e ainda não sabemos bem se é verdade que temos”.
Entre as abordagens de passagem, Prof. Roberto Mubarac, pautou a criação do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (Ceas), um dos quatro novos centros lançados em março pela USP. Em matéria no jornal da USP (clique aqui para ler), o Ceas tem por propósito a produção, integração e disseminação da ciência, por meio de atividades acadêmicas e científicas inter e transdisciplinares relacionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão, para o desenvolvimento sustentável da região. O centro tem o compromisso de integrar atividades de vários institutos e departamentos da USP.
Prof. Luis Balkar observou a correlação de forças políticas Amazonas e o seu resultado na sociedade. “Precisamos intervir e recolocar o debate, chamar o maior número de pessoas da sociedade para refletir”, propôs. “(...). Eu olho para minha cidade e percebo essa letargia no debate. Somos a segunda cidade em população favelada, nossos índices educacionais são péssimos, estamos lá embaixo, mas o que importa é que todos os anos teremos grandes eventos e, mais ainda, ficamos felizes porque uma propaganda de Manaus saiu no Times Square”.