OPINIÃO

É preciso querer reagir às assimetrias sociais do Amazonas

Nas andanças cotidianas, se quisermos ver e sentir, tropeçamos na pobreza e, ao andar um pouco mais, nos defrontamos com a miséria de muitos

Por Ivânia Vieira
13/11/2024 às 10:02.
Atualizado em 13/11/2024 às 10:02

O Estado do Amazonas está sendo empurrado à condição de pobreza e, nela, engrossa a fatia das pessoas em situação de miséria. Pobreza é o estágio em que as pessoas não dispõem dos meios necessários à manutenção da vida. A miséria remete à extrema pobreza, quando grupos sociais não conseguem acessar recursos mínimos para suprir necessidades básicas. 

Nas andanças cotidianas, se quisermos ver e sentir, tropeçamos na pobreza e, ao andar um pouco mais, nos defrontamos com a miséria de muitos. As questões postas: institucionalmente, como pobreza e miséria estão sendo enfrentados no Amazonas? Onde estão e como funcionam as políticas governamentais e de estado para enfrentar o avanço da pobreza e da miséria no território amazonense?

Ao mesmo tempo outros levantamentos mostram que o mercado de imóveis no Amazonas vive intensa movimentação, com crescimento de 4,5%. No segundo trimestre deste ano, as vendas de imóveis somaram 1.740 unidades de padrão vertical dos quais 1.026 são do segmento econômico e 714 de outros padrões. No total, são negócios que movimentaram R$ 544 milhões, de acordo com dados da Associação do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM). 

Peças publicitárias anunciam, em diferentes plataformas, empreendimentos voltados para classes A e B, em Manaus. Trata-se de setor aquecido ao qual se soma a venda de carros. A Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), contabiliza aumento de 34,46% no número de carros emplacados no primeiro semestre na cidade de Manaus, na comparação com igual período de 2023.

Quanto a expansão de rede de supermercados, alguns deles destinados à clientela de alto poder aquisitivo, o Amazonas é destaque. O setor atacadista e distribuidor registrou faturamento de R$ 403,9 bilhões no segmento, com expansão de 6,28% (Ranking Abad NielsenIQ 2024).

A precarização da vida se aprofunda no Amazonas – Manaus é a quarta entre as cidades com maior número de pessoas vivendo em favelas do país. Entre as vinte favelas e comunidades urbanas mais populosas do Brasil, oito estão na Região Norte (sete delas em Manaus), sete no Sudeste, quatro no Nordeste e somente uma (Sol Nascente) no Centro-Oeste (IBGE/2022).

As assimetrias sociais explodem na capital amazonense e se alastram pelos municípios da Região Metropolitana. É anormal a construção da base de desigualdade socioeconômica no Amazonas. O silêncio das autoridades e das instituições e a falta de mobilização efetiva contra a tentativa de naturalizar a pobreza e a miséria como pilares de vida nesta região são aliados do processo e preocupam porque atuam como reforço estratégico na compreensão de que não tem jeito e as coisas devem seguir nesse ritmo. 

Eventos diversos destinados a atrair investimentos para o Amazonas estão sendo anunciados, outros acontecendo já. Especialistas desfilam os dados das potencialidades do Estado e da capital para abriga-los, endossam aspectos de uma certa sustentabilidade enquanto a pobreza se alonga e questiona o tipo de desenvolvimento vigente.      

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