OPINIÃO

A desinformação planta instabilidade e golpes

Operação animou parlamentares, com nódoas enraizadas na ficha de servidor, a pedir o afastamento do ministro

Por Ivânia Vieira
15/11/2023 às 15:14.
Atualizado em 15/11/2023 às 15:14

(Wilson Dias/Agência Brasil)

A tentativa sintonizada de desqualificar e incriminar o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), é mais um sinal de alerta aos ocupantes de funções no primeiro escalão do governo federal, principalmente, aqueles e aquelas em áreas estratégicas. Não só eles, de todos, como dever primeiro enquanto servidores públicos.

Flávio Dino comete erros – até agora nenhum com elementos suficientes para a execração ora realizada. Flávio Dino incomoda e é a figura da vez no plano de desestabilizar o governo Lula. Nesse episódio, estão se apresentando as peças, os setores da mídia, do parlamento e de igrejas que até bem pouco tempo repetiam aplausos e condecorações a condutas criminosas.

O sinal dado adverte: o governo, para ampliar o zelo na arte de governar, o acompanhar os movimentos mais subterrâneos em torno da retomada dos extremismos da direita, na definição do limite da negociação com setores do Congresso Nacional para assegurar apoio do Legislativo; àquela porção da sociedade brasileira comprometida  com o combate à desigualdade, à justa justiça e o processo contínuo de melhoria da democracia interna; e parte das instituições cujos representantes sabem da importância de  defender e honrar determinados princípios, esteios de uma nação.

Desta vez, a operação escancarou o objetivo e animou parlamentares, com nódoas enraizadas na ficha de servidor, a pedir o afastamento do ministro. Não se esperava trégua na disputa geopolítica do poder da qual o Brasil é percebido como espaço tático enquanto país e pela posição que pode vir a ter no continente latino-americano. É um outro tipo de guerra: o 8 de janeiro deste ano – planejado para acionar o novo golpe – e os acontecimentos antecedentes traduzem uma face dessa batalha e esta não pode ser minimizada, remetida ao esquecimento. Tem que ser memória lembrada e rechaçada. Precisa ser uma das lições aprendida.

O aprendizado devolve ao corpo governamental do Brasil a tarefa urgente de dedicar atenção às performances aparentemente desinteressadas de algumas pessoas, ao posicionamento do setor de mídia e de redes sociais por onde imaginários são alimentados e constituídos com potência mobilizadora. Trata-se de desempenho como o “rastilho de pólvora”, supostamente silencioso, em suas incursões incendiárias. O que fazer diante do cenário?

Pensar a complexidade da comunicação e das competências reivindicadas nessa área requer determinação para em tempo ágil oferecer resposta, desativando as bombas colocadas no caminho e estimulando outro ativismo, engajamento, educação midiática, política e cidadã.  A produção da desinformação tornou-se, neste século, um sistema lucrativo e ameaçador. Atua na destruição de governos progressistas ou que tentem se aproximar dessa configuração, determina candidaturas de interesse desse sistema e se configura na retirada de direitos, entrega de empresas públicas ao setor privado, fomenta a cultura da violência e afaga o racismo. As instituições são fragmentadas e passam a exercer funções desviantes. Uns poucos irão lucrar, em suas cadeiras de poder. Para a maioria de nós, restará o sofrimento, como veneno que mata lentamente.        

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