Na semana em que se comemora o dia do comediante, hora de mostrar como esses artistas podem trazer críticas por meio do humor. Afinal, nem toda comédia precisa ser boba e sem sentido
Charles Chaplin faz uma clara crítica ao capitalismo em Tempos Modernos (Foto: Reprodução)
Afinal, o papel do humorista na sociedade? Bom, há que diga que ele vai muito além da piada. Há quem afirme que esses profissionais desempenham um papel parecido com o de um filósofo, questionando a realidade, fazendo críticas à sociedade, tudo a partir do humor. Se isso é verdade ou não, o que se pode afirmar é que nesta semana é comemorado o Dia Nacional do Comediante.
Pensando nisso, a coluna Claquete MH desta semana fala sobre excelentes filmes de comédia que fazem críticas a algum aspecto da sociedade, se tornando assim obras ainda mais importantes – principalmente se levarmos em consideração a época em que foram lançadas.
Tempos Modernos, de Charles Chaplin, é um dos principais trabalhos do artista (Foto: Reprodução)
Tempos Modernos, de Charles Chaplin, é um dos principais trabalhos do artista (Foto: Reprodução)
Eternizado como um dos maiores comediantes e artistas de todos os tempos, Charles Chaplin usou seu espaço e talento não apenas para divertir multidões – o que acontece até hoje –, mas também para trazer luz a temas que a sociedade do início do século parecia ainda não estar pronta para debater. É o caso de obras como “O Grande Ditador”, que satiriza Hitler e os governos fascistas. Mas sobre esse falaremos em outra oportunidade.
No entanto, outra importante obra dele é o clássico “Tempos Modernos”, lançado em 1936 e que permanece atual até hoje. A obra vai narrar as desventuras do personagem de Chaplin (que nem chega a ser nomeado), em uma linha de montagem de uma fábrica, passando por situações humilhantes (ainda que engraçadas) que o levam a parar no hospital, cadeia e a vida sem teto.
Aqui, Chaplin usa do humor para criticar o capitalismo, entrando no papel de um homem que não se adapta à atividade repetitiva e às exigências do chefe, que só quer saber de produtividade e desempenho, em busca do lucro através da exploração de trabalhadores. Ou seja, um filme para rir e pensar. O filme está disponível no You Tube e Prime Vídeo.
A Vida de Brian conta a história de um homem constantemente confundido com Jesus (Foto: Reprodução)
A Vida de Brian conta a história de um homem constantemente confundido com Jesus (Foto: Reprodução)
Se Chaplin está no ‘panteão’ dos artistas, pode-se dizer o mesmo do grupo britânico Monty Python, responsável por algumas das melhores comédias da história do cinema. Uma delas é “A Vida de Brian”, lançado em 1979 e que traz uma série de questionamentos a respeito da religião (em especial o cristianismo) e a cultura de massa.
O filme, disponível na Netflix, vai falar sobre a vida de Brian, um judeu que nasceu no mesmo dia que Jesus Cristo – e quase ao lado dele. Por conta dessas coincidências insanas, ele acaba sendo confundido com o Messias por diversas vezes, o que o coloca em uma serie de situações engraçadas e ao mesmo tempo perigosas.
E quanto mais ele tenta mostrar que não tem nada a ver com o Cristo, mais as pessoas vão o seguindo e idolatrando, mostrando como em meio a massa, os questionamentos basicamente não existem.
Trovão Tropical conta com nomes de peso do cinema, como Ben Stiller, Robert Downey Jr., Jack Black e Tom Cruise (Foto: Reprodução)
Trovão Tropical conta com nomes de peso do cinema, como Ben Stiller, Robert Downey Jr., Jack Black e Tom Cruise (Foto: Reprodução)
Chegando aos anos 2000, outra comédia que traz importantes assuntos é o filme “Trovão Tropical”, disponível no Prime Vídeo e Apple TV. Dirigido pelo humorista Ben Stiller e lançado em 2008, o filme faz uma crítica a indústria de hollywoodiana, tendo como pano de fundo a história da produção de um filme de guerra – o tal “Trovão Tropical”.
Satirizando o clássico “Apocalypse Now”, Stiller faz uma série de ataques à: filmes de ação (como Rambo) e suas inúmeras continuações; filmes de comédia com um ator fazendo vários personagens (como Ed Murphy e ‘Norbit’ e ‘Um professor aloprado’); e até a atores que levam seus papeis a sério demais (em uma clara referência a Daniel Day-Lewis e os ‘atores de método), além de outros temas. Neste último caso, até a atuação de Robert Downey Jr. (um homem branco se passando por negro), que pode soar como problemática, tem um propósito.
Priscilla, a Rainha do Deserto; Borat e Tudo por um furo são outros exemplos de comédias com críticas importantes (Foto: Reprodução)
Priscilla, a Rainha do Deserto; Borat e Tudo por um furo são outros exemplos de comédias com críticas importantes (Foto: Reprodução)