OPINIÃO

O homem do baú: um marketeiro de primeira

Por mais controverso que ele possa ter sido, todos fomos impactados, em algum momento, pelas suas ideias

Por Yan Bártholo
23/08/2024 às 15:37.
Atualizado em 23/08/2024 às 15:38

Na semana passada, perdemos o maior comunicador da TV brasileira e uma das mentes mais inteligentes que já fizeram parte do entretenimento no nosso país. Silvio Santos deixou um legado inestimável, tanto para os telespectadores, como para publicitários, marqueteiros e profissionais de diversas áreas. Sua vida profissional é uma aula de empreendedorismo, inovação, vendas, marketing e comunicação. 

Por mais controverso que ele possa ter sido, todos fomos impactados, em algum momento, pelas suas ideias. Afinal, quem nunca brincou de “Qual é a música?”, ou sonhou em participar da Porta da Esperança, do Show do Milhão, ou até mesmo dobrou notas de um real em formato de aviãozinho pra jogar falando “Quem quer dinheiro”? 

Silvio Santos conseguia atingir o público da maneira mais eficaz possível. E, tudo isso, metendo a mão na massa, criando programas que ele mesmo apresentava a partir de necessidades que ele mesmo identificava. Sua trajetória foi marcada pela capacidade de se reinventar e de cativar audiências de todas as idades, entendendo seus espectadores e mantendo a relevância da sua comunicação. "Eu vendo disciplina e sonhos", dizia. 

Ele não era apenas um grande comunicador, mas também um conhecedor do mercado em que trabalhava. Dominava o entretenimento, tomando sempre decisões estratégicas acertadas. Com essa mentalidade, introduziu o marketing de produto em seus programas de TV, bem antes de isso virar moda. 

No ano 2000, na final da Copa João Havelange, o SBT estampou seu logo na camisa do Vasco, em plena transmissão da Globo. O problema é que a legislação da época não permitia que equipes de futebol fossem patrocinadas por veículos de comunicação. A cúpula da emissora comandada por Silvio Santos nega qualquer envolvimento no caso até os dias de hoje. Mas, sabendo da genialidade que poderia estar por trás da manobra, a dúvida se manteve ao longo dos anos.

Silvio entendia, como poucos, que uma boa comunicação precisa ser integrada, e não somente digital. A hashtag usada pelo SBT diz tudo: #compartilhe. É uma palavra tão forte nos dias de hoje, que mostra a importância dessa era transmídia. E, se você prestar bem atenção, em nenhum momento eles falam “compartilhe na internet”. Porque sabem que nada é feito em uma só plataforma. Tudo que acontece online, também acontece offline. 

Silvio Santos moldou o entretenimento do país e faz parte da cultura popular brasileira. Um patamar que muitas marcas gostariam de estar, mas poucas conseguem. Ele pode até ter morrido fisicamente, mas estará vivo para sempre como ícone do que é uma boa comunicação. Sempre lembraremos do seu microfone preso no paletó, das suas pegadinhas, da sua risada única. Senor Abravanel nos deixa, mas Silvio Santos, o homem do baú, este será eterno.

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