Com o lançamento recente do filme sobre a vida de Bob Marley, é hora de falar sobre como obras biográficas trazem nossos ídolos para mais perto
Bob Marley e Kingsley Ben-Adir, ator que interpreta o genial cantor de reggae na cinebiografia lançada na última semana (Foto: Reprodução)
A história está repleta de personagens que mudaram o rumo do mundo em vários aspectos, indo desde a ciência as artes, como é o caso da música. Mozart, Beethoven, John Lennon, Michael Jackson, Madonna, Mano Brown... São vários os casos de artistas que marcaram seus nomes na história da música, trazendo revoluções e abrindo portas para os que viriam depois. Com o passar do tempo, essas figuras se tornam tão grandes que extrapolam o seu nicho artístico, saindo do universo musical e entrando em outros como a literatura e o cinema. E a partir desta conjunção que naturalmente surgem as ‘biografias’ ou ‘cinebiografias’.
Mas qual seria o propósito destas obras biográficas? Bom, para o doutor em literatura e professor do curso de cinema da Universidade Federal de Santa Catarina, Marcio Markendorf, as biografias e cinebiografias adquirem o papel de organizadoras de memórias. No entanto, para além desta definição, creio que tais obras têm como principal dever humanizar tais figuras – consideradas por muitos inalcançáveis em algum aspecto, seja artístico, moral ou estético.
Usemos como exemplo a recente cinebiografia ‘Bob Marley – One Love’, lançada na última semana e que aborda alguns anos da carreira daquele que pode ser considerado um dos maiores artistas de todos os tempos, e maior expoente do reggae. Ainda que tenha sido uma figura extremamente carismática e relacionável, Bob Marley está no que poderíamos chamar de ‘Olimpo da Música’, sendo um artista completamente acima da média – por suas obras e feitos.
Com isso, faz-se necessário também mostrar para o mundo o humano por traz da lenda, trazer à tona Robert Nesta Marley – nome real do artista. Afinal, quem de nós não gostaria de saber o que se passava na mente de alguém tão genial, qual seus medos, ansiedades, prazeres além da música? Talvez isso seja o que torna cinebiografias tão atraentes para nós, meros mortais.
Ver em tela os problemas enfrentados em vida pelo geniais Mozart e Elvis, além das brigas quase mortais de alguns dos nomes que tornaram o hip-hop (como foi o caso do NWA) no que é hoje, são coisas acalentadoras e inspiradoras.
Cinebiografia sobre Bob Marley acompanha alguns dos principais momentos da carreira do artista (Foto: Reprodução)
Cinebiografia sobre Bob Marley acompanha alguns dos principais momentos da carreira do artista (Foto: Reprodução)
No entanto, é necessário abordar um dos grandes problemas de obras biográficas: o não aprofundamento nos aspectos negativos das personalidades de tais artistas. Afinal, a ideia de tais filmes é humanizar, mas não ‘demonizar’ tais ídolos, passando longe de algumas de suas principais polêmicas em vida, ou romantizando elas. E vale dizer que estes pontos negativos são facilmente encontrados no filme sobre o rei do reggae.
No entanto, conhecer o ser humano real por traz das lendas talvez seja algo irreal, seja porque a maioria dos retratados nestes filmes estão mortos ou que o conhecer alguém realmente se dá por base da convivência.
Enfim, passando pano ou não, cinebiografias – e documentários – são boas formas de conhecer um pouco mais de seus heróis e ídolos. Claro que ouvir as músicas destas lendas, como Marley, segue sendo a principal forma de conhecer um cantor/compositor. Afinal, nenhum filme sobre a vida de Bob captará melhor quem ele era que suas canções.
Filmes sobre a história de Mozart, Ice Cube (e o grupo N.W.A.) e Elvis são alguns bons exemplos de cinebiografias (Foto: Reprodução)
Filmes sobre a história de Mozart, Ice Cube (e o grupo N.W.A.) e Elvis são alguns bons exemplos de cinebiografias (Foto: Reprodução)