Cid Gomes tenta matar manifestantes - e é baleado

”Vocês têm cinco minutos pra pegarem os seus parentes, as suas esposas, os seus filhos, e sair daqui em paz. Cinco minutos, nenhum a mais”, disse Cid Gomes, antes de atacar manifestantes com um trator

Andre Alves
Andre Alves
20/02/2020 às 14:41.
Atualizado em 24/03/2022 às 21:56

Quem conferiu somente as manchetes da grande imprensa sobre o episódio envolvendo o senador licenciado Cid Gomes (PDT) e policiais do Ceará pode ter concluído que o parlamentar agia de boa-fé, como bom negociador, para debelar a crise que se estabeleceu no sistema de segurança daquele estado, até que, de repente, foi “vítima” de disparados de arma de fogo.

O vídeo que mostra o senador conduzindo uma retroescavadeira, porém, deixa claro: Cid Gomes tentou matar manifestantes, via atropelamento. Mulheres e crianças das famílias dos policiais faziam parte do protesto e estavam logo atrás. Em um país sério, Cid seria preso assim que deixasse o hospital. Não será o caso. 

O próprio senador sabia que crianças e mulheres faziam parte da manifestação, quando disse, usando um megafone: “Vocês têm cinco minutos pra pegarem os seus parentes, as suas esposas, os seus filhos, e sair daqui em paz. Cinco minutos, nenhum a mais”. Depois disso, ele próprio tenta “prender” um policial. Após intenso bate-boca, Cid entra no veículo e avança sobre os manifestantes.

O comportamento de Cid Gomes não me causa espanto. A internet está cheia de vídeos que mostram ele e o irmão, Ciro Gomes, dois coronéis travestidos de democratas, agindo com extrema truculência contra aqueles que se manifestam por melhorias ou, simplesmente, que o desagradam.  Os dois, claro, sempre estão cercados por capangas.

Não esqueço a cena em que Ciro Gomes, no auge da campanha presidencial de 2018, agride e mandar “prender” um repórter, em Roraima, porque ouviu uma pergunta que não o agradou. O jornalista também foi chamado de “filho da p...”. 

O mesmo Ciro também classificou uma promotora de Justiça de “filha da p...”. Ciro já chamou um professor de “babaca” e já arrancou cartaz das mãos de um estudante em meio a um protesto, rasgando-o.

Cid Gomes entrou de licença do Senado para tratar de “interesses particulares” em dezembro passado. No atual episódio, se ele estivesse exercendo a função, em tese poderia sofrer um processo por quebra de decoro parlamentar - o que jamais ocorreria de fato, já que o Parlamento, influenciado pela grande mídia, se indigna com a expressão “dar o furo”, verborragia desrespeitosa e infeliz, mas não com uma tentativa de homicídio, praticada por um senador.  

Cid não morreu. Passa bem e seguirá impune. Os policiais que se manifestavam em frente a um batalhão, entretanto, daqui a pouco estarão respondendo a um processo disciplinar e deverão ser expulsos da corporação.

Embora tenham agido em defesa de colegas e das famílias, contra um louco que usou um trator como arma para promover um atropelamento em massa, os policiais serão tratados como criminosos - são “marginais”, segundo Ciro Gomes. O Brasil dos coronéis é assim. Mas os fatos não mudam: Cid Gomes tentou matar manifestantes e foi baleado - eis a notícia.

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