Cenas feitas do alto e exibidas pelas TVs e alguns portais de notícia propiciaram compreender um pouco mais da gravidade da situação da seca no Amazonas.
(Foto: Agência Brasil)
Entre anúncios e atos assinados, a visita do presidente Lula a lugares do Amazonas exibiu realidades que, no cotidiano regional/local, não são percebidas na proporção mais real. Cenas feitas do alto e exibidas pelas TVs e alguns portais de notícia propiciaram compreender um pouco mais da gravidade da situação.
Uma coisa é informar que os municípios do Amazonas estão sob situação de emergência em função da seca, outra é se aproximar, pelos recursos da mídia e de outras instituições do quadro. De impacto profundo e de desolação para a maioria dos moradores das regiões mais afetadas que também são nos relatos históricos os mais pobres, os que lidam com o esquecimento na implantação de políticas públicas ou na omissão composta da omissão governamental.
Torna-se imprescindível que as palavras e os atos na passagem do presidente da República, ministros de assessores do primeiro escalão por cidades e comunidades do Amazonas não sejam engendramentos para compor campanhas eleitorais a serviço de quem faz oposição ao presidente Lula, ao governo do Amazonas ou os apoia. Trata-se de vidas humanas em risco, de repercussão negativa na economia das cidades e do Estado, com a suspensão de inúmeras atividades, de aprofundamento das dificuldades em áreas sensíveis como a educação e a saúde. Enfim, de uma cadeia que faz a estrutura – precária ou não - funcionar nesses locais e que há meses progressivamente vem deixando de funcionar.
Como fazer valer os atos assinados e os anúncios de compromisso? A sociedade organizada, os representantes de instituições e de coletivos que respeitam a institucionalidade, o Estado Democrático de Direito são os que podem fazer valer a vigilância e cobrar o cumprimento de prazos, buscar saber onde emperrou, porque emperrou, de quem é a responsabilidade no elenco de atores de autoridades públicas corresponsáveis pela concretização dos compromissos publicamente assumidos.
Reside nessa postura a possibilidade de fazer acontecer em tempo mais ágil, de forma transparente e responsável o elenco de compromissos afirmado. A dor de milhares de famílias diante da falta de água, do fogo e da fumaça não pode aguardar a boa-vontade da burocracia que rege os processos nacionais, por vezes demorada, a oferecer um tempo de resposta. Tem que ser logo. Para isso, governos (federal, estadual e municipais) estão diante do teste de decência que reivindica superar a pequena politica destinada a atender interesses pessoais e de grupos restritos, distantes da angústia vivida pelos afetados pela seca dos rios.