O desafio de ampliar a produção científica brasileira torna-se ainda mais urgente diante do quadro de rápidas transformações climáticas, busca pelo desenvolvimento sustentável e novas matrizes econômicas
O Brasil, e especialmente a Amazônia, precisa de mais produção científica de qualidade. Trata-se de um requisito indispensável ao desenvolvimento econômico e social de qualquer País. O desafio de ampliar a produção científica brasileira torna-se ainda mais urgente diante do quadro de rápidas transformações climáticas, busca pelo desenvolvimento sustentável e novas matrizes econômicas – questões que podem ser enfrentadas por meio da produção e aplicação de conhecimento. Nesse contexto, é promissor o anúncio feito ontem pela ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, da assinatura pelos países do G-20 de um tratado de pesquisa e inovação, com foco no desenvolvimento sustentável.
É preciso analisar com atenção os pontos do tratado, de modo a assegurar que aborde nossas necessidades reais. Mais que isso: esses pontos precisam sair do papel, materializar-se em ações concretas e transformadoras, algo extremamente difícil de se fazer. É consenso que a pesquisa precisa andar de mãos dadas com a produção de resultados que impactem positivamente a sociedade. Nesse aspecto, a Amazônia tem algumas vitórias, mas também coleciona fracassos. Não é razoável, por exemplo, que o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) tenha levado mais de duas décadas para conseguir operar com alguma autonomia. A proposta da instituição é exatamente produzir pesquisa que resulte em produtos que possam ser levados ao mercado. Com o nó burocrático desfeito, todos aguardamos por resultados concretos.
O tratado de pesquisa e inovação assinado ontem é um passo importante, mas de nada valerá se, a partir dele, não surgirem as parcerias necessárias e a inovação pretendida. O que se espera é combinação de esforços, intercâmbio de conhecimento, financiamento internacional e mesmo transferência tecnológica. Não pode ser apenas papel assinado. Sabemos que, na produção científica, os resultados costumam demorar para aparecer, mas esperamos que os trabalhos ocorram com a celeridade necessária.
De qualquer forma, como destacou a ministra, é extremamente positivo que um tratado como esse tenha o apoio de tantos, mesmo em meio a divergências.