Editorial

As pré-campanhas e a realidade municipal

Os atos de pré-campanha numa espécie de vale-tudo não são de agora, fazem parte de uma cultura política seguida para além das fronteiras amazônicas brasileiras

acritica.com
02/04/2024 às 09:10.
Atualizado em 02/04/2024 às 09:10

(Foto: Agência Brasil)

As pré-campanhas pela Prefeitura de Manaus estão nas ruas e nas redes sociais, na mídia, anunciando as performances das campanhas propriamente ditas. O arranjo antecipado e cada vez mais escancarado incorre, por vezes, em atos inadequados diante do que estabelece a legislação eleitoral e a da exigência de conduta proba de servidores públicos, com ênfase aos que estão em cargos de comando.

Os atos de pré-campanha numa espécie de vale-tudo não são de agora, fazem parte de uma cultura política seguida para além das fronteiras amazônicas  brasileiras, com situações de cumplicidade em diferentes graus. Nas eleições municipais, como as que ocorrerão este ano, em geral, os prejuízos advindos dessa prática são distribuídos no ser cidade e na população do lugar.

Os indicadores de organismos oficiais apontam problemas críticos na maioria dos municípios brasileiros. No Amazonas, são 62 cidades e todas estão dentro de um arco de dificuldades que se torna maior e preocupante em algumas delas, com a intensificação dos conflitos de fronteira, falta de estrutura de saúde e de saneamento, índices de violência elevados e negação de oportunidade aos jovens por inexistência de um plano efetivo que os inclua como prioridade. Em determinados municípios, as condições de vida se igualam a perfis do final do século 19 tamanha a permanência de quadros que não são admissíveis neste século 21. Em outros, permanecem praticamente inalterados – se se pensar em mudança como melhorias no desenvolvimento social e econômico- os padrões de existência da maioria de seus habitantes.

O jogo da disputa de prefeituras e de vagas nas câmaras municipais revela o quanto a vida municipal é desvalorizada como bem coletivo. São grupos de poder articulados, uns detentores do manejo de elevadas somas de recursos financeiros, outros menos, em ação não para perceber a cidade, e sim se manter no poder ou conquistá-lo. O mais do mesmo se repete, com nomes novos e práticas velhas, enquanto a economia, a saúde, a educação, a cultura, a segurança pública estão colocadas sob anestésicos ou ignoradas.

É nesse sentido que as primeiras partidas do jogo político ora realizadas apontam para o indicar problemas, silenciar sobre alguns deles, aplaudir discutíveis soluções, manipular e se colocar como o candidato ideal. Em Manaus, pensar sobre a cidade e agir na defesa dela é fundamental ao conjunto de pessoas que se importa com o dia seguinte.

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