Números são reflexo do constante investimento do setor agrícola e pecuário em ações que vão além da redução de custos e aumento da eficiência produtiva
A região norte do Brasil é conhecida por sua tradicional cultura e gastronomia, por ser uma das principais produtoras rurais do país, e por abrigar a maior e mais importante floresta tropical do planeta, bem como seus povos originários - a Floresta Amazônica. Diante de tamanha representatividade, a região também tem se destacado na implementação de sistemas fotovoltaicos, aparecendo no ranking das principais localidades produtoras de energia solar, a nível nacional.
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) apontam o estado do Pará como líder da produção fotovoltaica na região, aparecendo em 11º no ranking de geração distribuída por potência instalada da Absolar¹. Isso representa 3,3% da matriz energética do país. E, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos últimos anos, a região Norte testemunhou um salto no que diz respeito à geração distribuída (GD) passando de 5.300 instalações, em 2019, para 55.600 em 2023³.
Atualmente, de acordo com relatório da Absolar, de agosto de 2024, o agro representa 14,20% da potência gerada por matriz solar, totalizando 4,3 megawatts (MW) de cerca de 240 mil sistemas de geração distribuída (GD) existentes no Brasil¹. Além disso, há a previsão de que, ainda em 2024, 9,4 GW sejam adicionados à rede também devido à geração própria de energia solar pelo agronegócio².
Esses números são reflexo do constante investimento do setor agrícola e pecuário em geração própria e geração distribuída de energia, não só como forma de reduzir custos e aumentar a eficiência produtiva, mas como uma maneira de tornar o setor mais sustentável - o que é fundamental, diante das atuais mudanças climáticas que estamos vivendo.
Para quem ainda não está familiarizado com a relação entre o fotovoltaico e o rural, a aplicação da energia solar no setor pode ocorrer das mais diversas formas, como na irrigação do plantio; na refrigeração da safra, de carnes, laticínios e outros produtos; na regulação de temperatura para o cuidado animal; na iluminação das fazendas; na segurança da propriedade rural; nas telecomunicações, entre outros. E é possível trabalhar com projetos fotovoltaicos de estilos variados, indo desde usinas solares flutuantes, na qual os paineis pairam sobre a água, até a aplicação de placas em paralelo à plantação - que funcionam como cercas de plantio.
Além disso, a energia fotovoltaica é de grande contribuição para o combate à emissão de gases do efeito estufa e reparação do meio ambiente, ao permitir a preservação de recursos naturais e melhor aproveitamento do espaço rural, fazendo com que os produtores possam compensar sua pegada de carbono - o que é ainda mais necessário, estando tão próximos da Amazônia. Só em 2024, de acordo com a Absolar, mais de 55 milhões de toneladas de CO² foram evitadas, devido ao uso de energia fotovoltaica.
Sabe-se que o setor agropecuário enfrenta muitas intempéries e impactos climáticos, além de pragas, entre outros, por isso, apesar dos incentivos e facilidades, e da variação de preço, na hora de escolher um parceiro para a implementar um projeto fotovoltaico é importante estar atento à qualidade do produto oferecido.
Hoje, existem relevantes certificações que garantem a segurança e eficácia dos itens, como é o caso do PV Evolution Labs (PVEL), principal laboratório independente do setor fotovoltaico global, entre outros. Também já é possível encontrar no mercado soluções fotovoltaicas exclusivas e específicas para o uso no agro, que podem ser aplicadas em talhões de lavouras, servindo como cercas geradoras de energia - o que potencializa ainda mais o uso dos espaços da propriedade e torna a aplicação ainda mais simples e eficiente.
Para 2025, as expectativas do setor agrovoltaico no Brasil seguem otimistas. A nova lei (Lei 14.300/2022) garante benefícios aos projetos que foram apresentados no último ano, incluindo a manutenção da regra de retorno de 100% da energia cedida à concessionária até 2045. Essa atratividade deve estimular ainda mais o investimento em energia solar por parte dos produtores rurais de todo o país, contribuindo para a sustentabilidade e a economia no campo e garantindo um futuro sustentável para o setor, protegendo nossa fauna e flora, e acelerando e moldando o agronegócio brasileiro de forma mais verde e autossuficiente.
*Ramon Nuche é diretor da AESolar para a América Latina.
Fontes: