No âmbito acadêmico, o cenário de invisibilidade começou a ser mudado, após o lançamento da obra O fim do silêncio: presença negra na Amazônia, o primeiro volume em 2011
(Foto: Arquivo A CRÍTICA)
Na Amazônia, além da biodiversidade que a constitui, há expressões sociais, culturais, étnicas, presentes secularmente, pode-se referir o Quilombo do Tambor, localizado em Novo Airão, os cinco quilombos do rio Andirá, em Barreirinha, o Quilombo do Barranco de São Benedito, situado no bairro Praça 14 de Janeiro em Manaus, o Quilombo Sagrado Coração de Jesus do Lago do Serpa, na área rural de Itacoatiara, as unidades quilombolas mencionadas são reconhecidas oficialmente pelo Estado brasileiro.
Neste contexto, as territorialidades específicas, a natureza, o ritmo ditado pelas águas, a riqueza da cultura material e imaterial das comunidades em localidades urbanas e rurais, configuradas na cotidianidade das comunidades tradicionalmente ocupadas, são evidenciadas formas organizativas, estratégias de resistências enfrentadas pelo movimento político autodesignado quilombola perante os distintos antagonistas.
No âmbito acadêmico, o cenário de invisibilidade começou a ser mudado, após o lançamento da obra O fim do silêncio: presença negra na Amazônia, o primeiro volume em 2011, o segundo em 2021, marco na historiografia regional, junto às novas publicações científicas, dissertações, teses produzidas, principalmente na Universidade Federal do Amazonas e Universidade do Estado do Amazonas, ajudando a dar visibilidade aos coletivos negros amazonenses.
E no caso específico da região, convém ainda desconstruir a tese da inexpressividade dos negros, tornando-se necessário destacar as comunidades remanescentes de quilombos que habitam partes consideráveis do norte do país, pois continuam a lutar pela titulação definitiva dos territórios, por políticas governamentais e contra o racismo sistêmico praticado na sociedade em geral.
As comunidades quilombolas no Estado Amazonas, estrategicamente assentadas na cidade ou no campo, no entorno dos rios, florestas e igarapés; tais grupos étnicos compõem uma constelação de unidades sociais específicas e, via de regra, enfrentam conflitos agrários em defesa dos seus territórios, historicamente por eles ocupados, mediante às batalhas renhidas contra as vertentes autoritárias do capitalismo, hostis ao reconhecimento dos quilombos.
Vinicius Alves da Rosa, Doutor em Ciências da Religião