O fluxo migratório foi tão intenso que o governo brasileiro teve que implantar a Operação Acolhida em 2018, iniciativa que contava até pouco tempo com financiamento do governo dos Estados Unidos
(Foto: Agência Brasil)
É fato que o mundo vive uma das maiores crises migratórias da história, muito em função de conflitos armados em diversas partes do globo ou da ação repressora de ditaduras. Os efeitos desse fenômeno começaram a ser sentidos no Brasil com maior intensidade a partir de 2017, quando milhares de venezuelanos passaram a ingressar no País buscando atendimento médico, alimentação e novas oportunidades de vida, diante da péssima situação social e política vivida na nação bolivariana.
O fluxo migratório foi tão intenso que o governo brasileiro teve que implantar a Operação Acolhida em 2018, iniciativa que contava até pouco tempo com financiamento do governo dos Estados Unidos. Com a recente decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, ele mesmo um filho de migrantes, de endurecer as medidas anti-imigração, os aportes para o programa brasileiro sofreram cortes severos, obrigando o governo do Brasil a adotar ações emergenciais para evitar que centenas de venezuelanos ficassem totalmente desamparados na região de fronteira.
Médicos, enfermeiros e assistentes sociais brasileiros serão deslocados para o Norte, com objetivo de apoiar as ações da Organização das Nações Unidas (ONU) no âmbito da Operação Acolhida, que tem sua continuidade ameaçada. O governo brasileiro, juntamente com a Organização Internacional para as Migrações (OIM) – órgão da ONU – busca novas fontes de financiamento para manter as ações na fronteira com a Venezuela. Diferente da atual visão norte-americana, para o governo brasileiro, fechar as portas aos migrantes ou simplesmente expulsá-los do País não é uma opção.
A acolhida de migrantes vai além da empatia, refletindo também uma responsabilidade humanitária e o compromisso com os direitos humanos. Ela pode ser vista como um reconhecimento da dignidade e da humanidade dos indivíduos que buscam refúgio ou uma vida melhor. Ao acolher migrantes, as nações também estão cumprindo com obrigações legais, como os acordos internacionais sobre direitos dos refugiados, a exemplo da Convenção de 1951 da ONU. Acolher os estrangeiros que buscam refúgio está diretamente ligado não só à compaixão, mas também à justiça social, à preservação da paz e à promoção de um mundo mais equitativo.