Amazônia: os indígenas, o meio ambiente, a mineração e a agropecuária

Fomos arrebatados para os furacões dos interesses mundiais atuais. É preciso pesquisar, planejar, desenvolver e regularizar as terras, de maneira integrada e sustentável, na Amazônia, pelos brasileiros.

Cesar Calderaro
Cesar Calderaro
03/03/2020 às 12:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 21:55

(Ibama combate desmatamento ilegal na região de Castelo dos Sonhos, em Altamira (PA). Foto: Felipe Werneck - 23/08/2016)

As indústrias das narrativas, implantadas a partir dos ideários da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Benjamin) visam a manipulação das massas de cidadãos para atingirem os seus objetivos políticos. Hoje, de alguns centros de poder do mundo, grupos de interesses convergem-nas para as derrubadas e queimadas na Amazônia.

As exacerbadas demarcações de territórios indígenas estão criando a possibilidade do surgimento de novos países na nossa Amazônia, pois têm seus territórios, suas populações e seus governos, todos empoderados por “ONGs” que são usadas como infantaria do ”soft power” dos grandes centros de interesses do mundo que lhes sustentam. De dentro do Brasil, brasileiros, com interesses inconfessáveis ou por ingenuidade, reforçam-nas e intensificam-nas. Tudo com o reconhecimento internacional definido pela OIT 169, da qual, por certo, não temos que continuar signatários.

Muitas minas de grande valor estratégicos estão dentro desses territórios indígenas. Coincidência?

Os produtores agrícolas e pecuaristas da Europa sabem bem que, pelo acordo do livre comércio entre UE e o Mercosul, vão perder grande parte do mercado para os produtores brasileiros. Lembre-se que, para se produzir 1 (um) quilo de carne bovina, consome-se 15.400 litros água; para o frango, 4.330 litros de água por quilo; para o porco, 5.990 litros por quilo; e para a soja, cerca de 2.160 litros pro quilo. Terra, sol e água temos em abundância; na verdade, são umas das nossas maiores riquezas.

Avanço oportunista

Neste momento, o Brasil está enfraquecido pela economia estagnada e pela divisão política interna, frutos das suas péssimas governanças nas últimas décadas. Esses grupos de interesse no mundo percebem que é o momento certo para intensificarem as suas ações, em mais uma aproximação, em busca da concretização dos seus próprios interesses na Amazônia.

O Sr Macron, o “bom” jacobino de hoje, aproveitou-se da reunião do G7 e do momento de fragilidade brasileira, para tentar forjar um novo avanço sobre a nossa Amazônia.

O ufanismo e a precipitação dos jacobinos que se sentavam à esquerda nas suas assembleias, desde os idos de 1789, em nome da “egualité, fraternité e liberté”, mataram milhares e milhares de seus conterrâneos e, sobretudo, de seus próprios irmãos revolucionários. Geraram um prolongado e intenso terror!  E acabaram por flagelar toda a Europa.

Para resolver o imbróglio que criaram, tiveram que chamar, de volta, o rei e a monarquia para reorganizar a França. Até Murat, Danton e Robespierre, os líderes da Revolução, acabaram mortos pelos seus próprios irmãos revolucionários. Observação: Os intelectuais do Iluminismo francês, como Voltaire, Montesquieu e Rousseau, já tinham falecidos, em 1778, 1778 e 1755, respectivamente, como se vê, mais de 11 anos antes do início da Revolução, em 1789. Estes iluministas, possivelmente, teriam vergonhas do terror ocorrido.

Outra observação: a Revolução Iluminista Francesa (1789-1799) aconteceu mais de 100 anos depois da Revolução Iluminista Inglesa (1640, Puritana-1680, Gloriosa), esta que construiu o Regime, a Forma e o Sistema de governo do Reino Unido que se mantêm, com impressionante estabilidade, até hoje, quase 4 séculos depois. 

Isso, para mostrar o fiasco de líderes jacobinos. Tire-se fora dessa crítica a Grande França: os intelectuais; os cientistas; e o forte, culto e fraterno povo francês.

Realmente, o Sr Macron, o “bom” jacobino de hoje, posiciona-se como protagonista em mais um avanço sobre a nossa Amazônia.

Os atavismos do viés colonialista, em alguns grupos de interesse europeu, ainda aparecem nas suas políticas e estratégias que, por mais que não reconheçam, sempre afloram quando tratam com países da América Latina, da África e da Ásia, impondo-nos, sempre que podem, o neocolonialismo, para controlar as nossas reconhecidas riquezas

A reunião do G7 foi num sábado, dia 24 de agosto de 2019, em Biarritz, na França, sem a presença do Brasil; por isso, um ato de colonialismo.

Uma afronta inaceitável à nossa soberania!

Essas indústrias de narrativas com falsetes e essas exacerbadas demarcações de territórios das nações indígenas chegaram a níveis inaceitáveis.

Nada de aceitar os “recursos-cumbucas” dos jacobinos estrangeiros na nossa Amazônia, já bastam os nascidos aqui.

E foi, no outubro próximo passado, o Sínodo da Amazônia, realizado no Estado Independente do Vaticano, sob a gestão do seu próprio “presidente” vitalício, o Papa Romano Católico. E não convidaram, que se saiba, um representante do Brasil. Seria bom lembrarmos as causas que levaram D. Jose I, cujo 1º Ministro era o Sr. Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal, ter expulsado os jesuítas, em 1759, para fora da Amazônia.

Ausência prejudicial

Porém, o mais grave e triste é que, por séculos e, sobretudo, nas últimas décadas, os centros de poder do Brasil do Sul Maravilha não planejaram, não se fizeram presentes e nem exploraram as riquezas biológicas, minerais, hidroelétricas e as terras amazônicas. E quando o fizeram, levaram as riquezas para si e quase nada incorporaram à Amazônia.

Pesquisar, planejar, desenvolver e regularizar as terras, de maneira integrada e sustentável, na Amazônia, pelos brasileiros, é preciso. E, por certo, todos bem sabemos o que deve ser feito, de forma sustentável, para os seus 23 milhões de habitantes: educação, saúde, segurança, hidroelétricas, estradas parques, pontes, portos e um plano econômico de verticalização das suas riquezas. 

Como nós brasileiros temos feito pouco ou quase nada na Amazônia, ao longo de séculos, ficou um enorme espaço vazio de poder. Aí, algumas “ONGs” estrangeiras e brasileiras fizeram o que bem quiseram. Chegando, até mesmo, a tentar engendrar países como o da Raposa Terra do Sol, uma realidade difícil de ser desmontada. Tudo nas nossas barbas!

Desafios fundiários

O Brasil tem que enfrentar a questão fundiária, regularizando as terras devolutas, onde estão a esmagadora maiorias dos crimes ambientais das derrubas e queimadas, normalmente, feitas por grileiros, para que existam donos responsáveis por elas; regularizar as questões dos garimpeiros e madeireiros, atividades econômicas relevantes, mas que, como estão, poluem e destroem o nosso ecossistema; criar planos econômicos integrados e sustentáveis; e agir, para que as árvores em pé valham mais que derrubadas ou queimadas.

Sem isso, toda a floresta, um dia, vai acabar derrubada e queimada mesmo, assim como ocorreu nas florestas europeias, dos EUA e do mundo. É uma questão de sobrevivência de muitos habitantes da região, muito mais do que da insensatez. Hoje, existem bons planos estratégicos no atual Governo Federal e outros bons projetos nos Governos dos Estados da Amazônia. É tempo de implantá-los.

O Governo atual tem tudo para estabelecer uma governança adequada à nossa Amazônia; o que, por certo, já está fazendo muito bem.

Hora de ombrearmos

É hora de ombrearmos e de agirmos firme e definitivamente. Colocar, dentro de todas as terras brasileiras da Amazônia: os nossos irmãos brancos, negros, índios e mestiços de todas as cores, convivendo como irmãos; e, sem demora, as instituições do Estado da nossa querida Nação brasileira. Tudo em harmonia com as Nações do mundo todo; e, até mesmo, em parcerias com elas, de maneira honesta e transparente.

Constate-se a neurolinguística das narrativas engendradas pelo mundo e no Brasil, as marcações dos territórios de dimensões exacerbadas para as nações indígenas, a presença física das “ONGs” “a pé firme” nos seus territórios, com recursos dos países interessados na Amazônia e o reconhecimentos pela OIT 169. Tudo isso está se intensificando a cada passo. E não duvidem, há fortíssimos indícios que vai aumentar.

Considere-se que a ética, a moral e os costumes estão se liquefazendo e se volatilizando (Zygmunt Bauman) no atual mundo novo globalizado, que bem se mostram nas novas relações sociais do amor, nos comportamentos e na cultura, tudo sendo relativizado para cada indivíduo ou grupo de interesse. Por isso, tudo se torna cada vez mais intenso e rápido pelos meios eletrônicos.

Como se vê, fomos arrebatados para os furacões dos interesses mundiais atuais.

Interesses sobre a Amazônia vêm ocorrendo por séculos. Pedro Teixeira, sobrinho de Francisco Caldeira Castelo Branco, fundador de Belém, sabia bem disso, desde 1625, quando expulsou várias esquadras de potências mundiais da época da nossa foz do Amazonas.

A coisa vem de longe e é recorrente. Por quê? Porque quem não toma conta do que é seu, vem outro e toma-o para si. Não é mesmo?

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