O abastecimento do mercado será atingido e, consequentemente, os preços dos alimentos que virão de outros lugares serão inflados.
(Foto: Junio Matos)
A severa estiagem que atinge o Amazonas e outros estados já impacta negativamente na economia dos municípios, impondo sérias dificuldades às cidades cada dia mais isoladas. Em Tefé, por exemplo, a Prefeitura já anunciou racionamento de energia, isso porque o transporte do combustível que movimenta a termelétrica da cidade já está comprometido. Governo e prefeituras tomam medidas para amenizar as consequências danosas. Ontem, o governador Wilson Lima anunciou a antecipação do pagamento do Auxílio Estadual
Permanente para o dia 30 de setembro, para que os beneficiados possam adiantar a aquisição de alimentos, água potável e medicamentos enquanto ainda há alguma navegabilidade. O programa atende 158 mil pessoas em Manaus e 142 mil no interior.
As medidas para abrandar o sofrimento do povo são absolutamente necessárias, no entanto, é preciso também olhar para o futuro. É certo que os ecos desta seca histórica continuarão a reverberar por um bom tempo, exigindo planejamento e criatividade para enfrentar e superar as dificuldades presentes e futuras. Além disso, secas extremas como a hodierna devem se tornar cada vez mais frequentes.
Em mesa redonda realizada nesta semana, durante a 46ª Expoagro, técnicos de instituições como Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Idam e Adaf, discutiram efeitos futuros da estiagem e projetaram desafios e alternativas. A estiagem afetará as safras de muitas culturas, deixando milhares de produtores descapitalizados e endividados. O abastecimento do mercado será atingido e, consequentemente, os preços dos alimentos que virão de outros lugares serão inflados.
Todos esses fatores devem ser considerados na elaboração da estratégia de enfrentamento. Cabe ressaltar que a dificuldade enfrentada no Amazonas e outros Estados faz parte do complexo conjunto de fenômenos atuais causados pelo aquecimento global. É seca no Norte e enchente no Sul, pandemia de incêndios florestais, ar tomado por fumaça... tudo está relacionado às mudanças climáticas. Enquanto os países não se unirem para adotar estratégias globais, o planeta seguirá aquecendo até um ponto de não retorno, e todos teremos que nos adaptar a um clima cada vez mais infernal.