Moradores do bairro Redenção, na zona Centro-Oeste, foram as vítimas no dia 19 de deslizamento de terra, com morte de duas pessoas
(Foto: Junio Matos)
O que está sendo feito de fato para mudar a situação de moradores em área de risco de Manaus? Como são utilizadas as informações dos relatórios técnicos realizados na cidade para identificar as áreas classificadas como de risco e daquelas mais afetadas, por isso, exigem ação imediata? Há um tipo de pacto de silêncio nessa questão só rompido diante da tragédia e por tempo curto.
Moradores do bairro Redenção, na zona Centro-Oeste, foram as vítimas no dia 19 de deslizamento de terra, com morte de duas pessoas. A informação sobre o risco alto para as famílias ali residentes era de conhecimento desde 2019 como um dos resultados do Mapeamento de Áreas de Risco Geológico da Zona Urbana de Manaus. O estudo foi elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
É possível pensar que não exista protocolo entre os órgãos e a instâncias de poder a fim de compartilhar dados técnicos nessa e em outras áreas ou ainda a repetição de conduta danosa no serviço público, a de engavetar documentos, por vezes, sequer lidos.
A realidade climática e a ela somada as condições inadequadas de parcela significativa das moradias impõem a urgência de reestabelecer condutas técnica-administrativas como um dos atos de prevenção e controle. Se estas não forem levadas a sério o que deve ocorrer será o registro dos casos de deslizamento de terra, desabamentos de habitações, soterramento e a sequência de sensações de desespero, medo, pânico, pessoas feridas, outras mortes e sofrimento.
Em Manaus, são aproximadamente 53 mil imóveis incluídos na lista de “área de risco” do SGB/CPRM. O serviço realizado se justifica como parte de um conjunto de ações em níveis local/estadual/nacional a ser posto em prática não quando o problema ocorre e sim como politica preventiva. Também as comunidades têm papel valioso tanto na busca dos informes sobre a situação do lugar onde moram e na reivindicação do direito a moradia digna.
A tragédia no bairro Redenção deve servir para as autoridades públicas ampliar a presença dos poderes principalmente nos locais sob risco dispondo aos comunitários instrumentos legais e possibilidades efetivas de mudança, se não houver condição de recuperar a área. Os procedimentos técnicos incluindo a produção de documentos técnicos estão disponíveis, falta assegurar a esses itens a disposição humana e a vontade política de torna-los ativos.