Desencantar a política é parte de um plano amplo para na onda do desencanto enlarguecer o espaço de ocupação por outros que fazem do exercício político-partidário um tipo de mercadoria
Desencantar a política é parte de um plano amplo para na onda do desencanto enlarguecer o espaço de ocupação por outros que fazem do exercício político-partidário e de representação nos poderes legislativo e executivo um tipo de mercadoria.
Enquanto parcela expressiva da população se autodeclara afastada da política por “ser politicagem” e por entender que não tem mais jeito de superar o quadro de descrédito, uma pequena parcela se apropria dela e a faz funcionar quase como empresa privada.
A estratégia tem funcionado, práticas políticas que atentam contra os direitos dos cidadãos seguem em nível elevado, por exemplo, nas casas legislativas (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais) onde projetos que sequer deveriam ser recepcionadas pelas comissões de Constituição e Justiça estão sob a senha para irem à votação em plenário. São moedas de troca na disputa de cargos e de verbas.
A representatividade dos eleitos para além da quantidade de votos recebidos esgota-se a partir da posse ao cargo. A tática de distanciamento é posta em prática ao mesmo tempo que os grupos mais específicos passam a ser de fato o vínculo mais forte dos outorgados com mandatos. Os eleitores, as comunidades, os mais vulneráveis, a sociedade são deixados em segundo plano ou esquecidos até a próxima eleição quando arrebanhar votos é questão de vida e morte na batalha por mandatos.
No Amazonas, as cidades e as pessoas que nela habitam estão em condições precárias não como frase de efeito e sim a realidade exposta. Falta assistência à saúde, o acesso à escola e ampliar a qualidade da educação, fomento a cultura e segurança pública. Falta perspectiva para os jovens e ambiente inclusivo aos idosos. É como se o estado tivesse sido paralisado em determinado tempo e não saiba como sair dele.
Um pequeno segmento consegue ter êxito nos negócios, ampliar a riqueza que detêm diante de pessoas em condição de miséria. Não é normal e não pode permanecer assim. A política é um dos espaços fundamentais para mudar esse quadro. Por meio do voto livre, eleitores têm a chance de se manifestar e dizer o que quer para a cidade onde vive ao eleger vereadores e prefeitos. Se esses, hoje candidatos, agem para promover o privado ou se sentem comprometidos em fazer da atividade política um serviço ao bem público.