ABSOLVIDO

Vicente Cruz é absolvido da acusação de mandar matar ministro Mauro Campbell

O crime contra o ministro da Justiça Mauro Campbell aconteceu há dez anos, em dezembro de 2006. Julgamento se estendeu durante o dia de hoje

Joana Queiroz
06/11/2017 às 22:02.
Atualizado em 12/03/2022 às 17:54

(O ex procurador foi absolvido em julgamento no Fórum Henoch Reis. Foto: Gilson Mello)

O conselho de sentença decidiu absolver o ex-procurador de justiça Vicente Oliveira Cruz dos crimes de tentativa de homicídio qualificado e formação de quadrilha contra o ministro da Justiça Mauro Campbell. O crime aconteceu há dez anos, em dezembro de 2006.

Os jurados acataram a tese de negativa de autoria defendida pela defesa. Depois da leitura da sentença pelo juiz Anésio Pinheiro, o ex-procurador foi abraçado pelo filho, o promotor de justiça Vicente Augusto Borges que apreensivo aguardava o resultado do julgamento.

Demonstrando alegria, o procurador disse à imprensa que era o fim de uma tormenta que durou mais de dez anos.

“Sofro eu, sofrem os amigos, os filhos, a família toda. A gente está aqui na terra para espiar os próprios pecados, eu devo ter cometido muitos, eu não duvido disso”. Com essa declaração o ex-procurador geral de justiça do Amazonas resumiu os 10 anos em que esteve sob a acusação.

“Foram anos difíceis, muito difíceis, mas está superado”, afirmou.

Vicente Cruz se disse injustiçado. Ele considera irreparável o prejuízo causado pela acusação, mas afirmou que não vai procurar nenhum reparo nas esferas judiciais.

Futuro

Questionado sobre a possibilidade de Ministério Público recorrer da sentença que lhe absolve, o ex-procurador disse que a atitude seria boa, pois ajudaria a esclarecer ainda mais o crime de que foi acusado.

O ex-procurador também afirmou que não pretende retomar a carreira. “O Ministério público foi um rio que passou em minha vida”, declarou.

Entenda o julgamento

A sessão foi presidida pelo juiz Júri Anésio Pinheiro, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus. Ele fez a leitura da denúncia apresentada contra o réu pelo Ministério Público do Estado. No banco de réus, o ex-procurador escutou a leitura demonstrando estar à vontade.

Entre as testemunhas incluídas no julgamento pelo Ministério Público estava o procurador de justiça Francisco Cruz, também ex-procurador geral de justiça do Amazonas. Ele foi o primeiro a ser ouvido e disse que na época da tentativa de homicídio chegou a ser procurado por Mauro Campbell e que não teve acesso aos autos do processo.

Depois de ser liberado, Francisco Cruz disse ser constrangedor para ele estar na situação de testemunha em um caso que envolve dois colegas de instituição.

Segunda fase

O julgamento entrou na segunda fase na tarde desta segunda-feira (6). Depois do interrogatório de quatro testemunhas de acusação e duas de defesa, o Ministério Público do Estado do Amazonas debateu as condições do crime.

Inicialmente o promotor de justiça usou os argumentos para convencer os jurados de que o crime praticado pelo réu foi tentativa de homicídio.

A defesa apresenta tese de negativa de autoria, já que, se houve a intenção, nada foi concretizado. Nesse caso, não houve crime.

A falta de provas técnicas no processo fragilizou a acusação do promotor que foi baseada em provas testemunhais e interceptações telefônicas de conversas entre os acusados.

Na réplica do debate, o promotor reforçou o que já havia falado antes de que houve sim tentativa de homicídio por parte do réu.

Tentativa de homicídio

Cruz é julgado por tentativa de homicídio qualificado, crime de formação de quadrilha e bando armado contra Mauro Campbell Marques, hoje ministro do STJ e na época o então procurador-geral de justiça do Amazonas. Segundo a acusação, a tentativa de homicídio aconteceu mediante pagamento ou promessa de recompensa.

Julgamento adiado

No início de outubro deste ano, o julgamento de Vicente Cruz havia sido adiado para novembro. Na época, o réu compareceu à sessão do júri, assim como os representantes da acusação e várias testemunhas do processo, porém os advogados não compareceram e o julgamento precisou ser remarcado.

Quatro condenados

Quatro réus envolvidos no crime já foram julgados em junho de 2016. Maria José Dantas da Silva, Jane da Silva Santos, Lenilson Braga Silveira e Osvaldo Silva Bentes foram condenados a penas que variam de 12 a 16 anos de prisão e recorreram da decisão. Quanto ao réu Elson dos Santos Moraes, o processo dele encontra-se em fase recursal.

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