CALOR EM EXCESSO

Sensação térmica de 41°C em Manaus transforma sombrinhas, bonés e chapéus em itens indispensáveis

Enfrentar as altas temperaturas requer algumas medidas para preservar a saúde e o bem-estar

Lucas Motta
online@acritica.com
15/09/2024 às 10:05.
Atualizado em 15/09/2024 às 10:05

Homem enfrenta o calor intenso nas ruas de Manaus, improvisando maneiras de se abrigar do sol forte (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Andar pelas ruas da capital a partir das 10h tem sido desgastante nos últimos dias por causa das altas temperaturas registradas na cidade. A média da sensação térmica entre segunda (9) e sexta-feira (13) foi de 41°C, segundo o monitoramento do site estadunidense The Weather Channel. O agente de sinalização Dênis Moreira resolveu ir ao centro fazer compras com a família, mas, no lugar de várias sacolas, ele carregava muitas garrafas de água mineral.

“Quando eu saio de casa, bebo umas cinco ou seis garrafinhas d'água. Deveria ter um projeto pras pessoas olharem mais aí pro meio ambiente, né? Nos últimos anos, o calor tá muito intenso”, disse Dênis.

Dênis Moreira, agente de sinalização, carrega várias garrafas de água enquanto faz compras no centro de Manaus (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Quando o agente de sinalização compra uma garrafa d'água, não enche apenas o próprio corpo com o líquido, mas junto o bolso do vendedor. Um deles é o venezuelano Omar Rondon, que geralmente faz as vendas pela Igreja da Matriz e adjacências do Relógio Municipal. Desde que setembro começou, ele teve que comprar mais caixas de água para vender. Antes, eram duas por dia; agora, é o dobro. E se ele precisa de mais, também tem que investir junto às distribuidoras. O preço da água não aumentou, mas o do gelo para conservar a temperatura dentro da caixa de isopor, sim.

“Pra encher a caixa de gelo ficou mais caro, e a gente tem que pagar. Então, eu prefiro comprar por menores quantidades, que custam de três a cinco reais. Peço duas por dia, e dá pra equilibrar”, comentou o vendedor.

Protegida do sol escaldante, uma mãe carrega sua filha no colo enquanto caminha pelas ruas de Manaus. O guarda-chuva se tornou aliado essencial contra o calor extremo na cidade (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Não é apenas a presença de água que aumentou entre os que vão às ruas, as coberturas também. Sombrinhas, chapéus e bonés são os itens mais vistos, mas, na falta deles, também há o improviso. Tem quem tente se abrigar do sol com uma bíblia, por exemplo, mas não dá muito certo.

Sem outra proteção à mão, homem usa a Bíblia sobre a cabeça para se proteger do sol forte em Manaus, improvisando contra o calor extremo que atinge a cidade (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

A aposentada Maria Raimunda Batista tem uma coleção de chapéus em casa e diz que não sai da residência sem usar um deles, independentemente da época do ano.

Com um de seus chapéus favoritos, Maria Raimunda Batista, 67, não abre mão da proteção contra o sol intenso nas ruas de Manaus (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

“Eu só saio assim porque o sol tá quente demais. Aliás, nos últimos anos a temperatura tá muito alta. Esse ano então, meu filho, tá insuportável”, comentou Maria.

LUCRO PARA OS VENDEDORES

Os vendedores desses itens também perceberam que a procura tem aumentado bastante nas últimas semanas. Na rua Leonardo Malcher, no centro de Manaus, por exemplo, há muitos desses comerciantes. Na barraca do Josias Chaves, a estimativa é de que as vendas tenham crescido 30% em comparação com os primeiros meses deste ano. O vendedor diz que a variedade dos produtos ajuda nas vendas, e outro fator importante também é o preço.

“A gente tem a partir de R$ 25, mas também pode chegar a R$ 40, por exemplo. O pessoal compra de tudo, mas o que sai mais aqui são os bonés e os chapéus mesmo. Já no meio do ano, a gente notou uma procura maior, entendeu?”, informou.

Com a alta demanda por proteção contra o sol, uma banca cheia de bonés coloridos atrai clientes nas ruas de Manaus, onde o calor intenso tem impulsionado as vendas (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Outro vendedor, Jonadabe Baraúna, disse que também aposta na variedade. A cada dois meses, ele compra uma caixa com 250 peças por R$ 3,5 mil. Entre as vastas opções, os clientes parecem gostar mais dos feitos de algodão. Mas, na hora da compra, ele sempre dá um desconto para fidelizar o consumidor.

“O valor depende da qualidade do produto, e são muitas opções, mas tem que fazer uma promoção, senão não sai. Tipo, tem que ter aquele descontinho; o consumidor sempre se agrada”, explicou Jonadabe.

Mas se há tanta diversidade na hora da compra de coberturas, como escolher a mais adequada para se proteger contra os raios solares? A Crítica consultou dois médicos dermatologistas para entender que pontos precisam ser observados na compra e no uso desses produtos. A doutora Montaha Jurdi Jasserand explicou que, em primeiro lugar, todos devem usar proteções físicas contra o sol, mas há um grupo de pessoas com mais chances de desenvolver doenças pela alta exposição aos raios solares.

“Geralmente, as pessoas que são calvas têm que se cuidar mais ainda. Há áreas mais sensíveis na pele, as acima dos ossos, que têm mais projeção na face. Essas ficam com mais manchas, geralmente com melasma”, explicou.

CHAPÉUS OU BONÉS COM PROTEÇÃO UV

O doutor Ilner Souza também disse que o ideal é optar pela compra de chapéus ou bonés que tenham proteção contra a luz ultravioleta. Esses produtos têm, em média, fator de proteção 50 e diminuem em 98% o nível de impacto provocado pelo sol. Mas, as coberturas comuns também são uma boa ideia, desde que tenham algumas características que garantam a eficácia do uso.

“O ideal é que o chapéu tenha ao menos 7,5 cm de diâmetro. A sombra deve alcançar o queixo. Os bonés têm que ser fechados e não aqueles com furos no tecido. Existem também os que são lateralizados e protegem as orelhas e a região do pescoço”, comentou.

Sol em excesso

A excessiva exposição ao sol pode gerar lesões como lúpus, melasma, fotodermatose e câncer de pele. Os médicos reforçaram que, além do uso de proteção física, é importante passar filtro solar com fator de proteção de, no mínimo, 50, reaplicando a cada duas horas. Áreas como orelhas, colo e pescoço precisam receber a aplicação do produto.

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