EMBATE INJUSTO

"Sem cotas, estudantes do interior ficam em desvantagem na UEA", diz estudante indígena

Renata Tukano, de São Gabriel da Cachoeira, participou do ato público de estudantes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), onde ela cursa Biologia

Jefferson Ramos
online@acritica.com
28/04/2023 às 19:50.
Atualizado em 28/04/2023 às 19:50

Renata Tukano cursa Biologia na UEA, em Manaus. Ela é natural de São Gabriel da Cachoeira (Foto: Paulo Bindá/A CRÍTICA)

A estudante indígena Renata Tukano, de São Gabriel da Cachoeira (852 km de Manaus), que estuda biologia em Manaus, afirmou nesta sexta-feira (28), durante ato de estudantes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que não conseguiria estudar na universidade sem o sistema de cotas que reserva 80% das vagas a estudantes do ensino médio de escolas públicas do estado.

Na última segunda-feira (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu acabar com o sistema de cotas da Universidade que destina 80% das vagas do sistema de ingresso para candidatos que concluíram os três anos do ensino médio no Amazonas. O resultado do julgamento  ficou em 9 contra 1.

“A decisão foi tomada não entendendo muito como funciona a UEA. A UEA é ocupada pela maioria dos estudantes do interior que são de escolas da Seduc. Dentro da minha sala de aula a maioria é de escola pública. Com essa decisão que deixa igualitária as vagas serão ocupadas por estudantes que vêm aqui de Manaus com recurso financeiro”, protestou a estudante.

A estudante que está no 9º período de biologia conta que estudantes do interior que estudam em Manaus ocupam menos de quatro vagas. Para ela, sem as cotas os estudantes oriundos de municípios do interior serão mais raros nos cursos da universidade estadual. 

“Uma decisão como essa tem que ser revertida porque não entende a nossa região que é extensa. Fazemos parte do movimento dos estudantes indígenas do Amazonas e a gente é contra isso”, pediu.

Manifestação levou estudantes para a frente da reitoria da UEA, na avenida Djalma Batista, na tarde de hoje (28) (Foto: Paulo Bindá/A CRÍTICA)

O Governo do Amazonas informou que a UEA irá cumprir a decisão do STF e, em paralelo, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) vai estudar o caso. 

A UEA montou um Grupo de Trabalho (GT) para analisar a decisão do Supremo que julgou inconstitucional as cotas reservando 80% das vagas a alunos que cursaram o ensino médio no estado. 

A Lei Ordinária nº 2.894, de 31 de maio de 2004, estabelece que 80% das vagas de cada curso oferecido pela UEA sejam destinadas a candidatos que comprovem ter cursado as três séries do ensino médio em uma instituição do Amazonas. E 20% para candidatos que comprovem ter concluído o ensino médio ou equivalente em qualquer estado da Federação ou no Distrito Federal.

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