Reforma do aeroporto

Redução da área de livre circulação no Eduardo Gomes divide usuários

Obras no aeroporto incluem a transferência da praça de alimentação, redução da área de desembarque e alterações no check-in

Waldick Júnior
waldick@acritica.com
06/07/2024 às 08:10.
Atualizado em 06/07/2024 às 13:51

Grupo francês Vinci Airports, que administra o Aeroporto de Manaus, deve finalizar em outubro as obras estruturantes que estão em andamento desde o ano passado. (Foto: Paulo Bindá)

A redução das áreas de livre circulação no aeroporto de Manaus tem dividido a opinião dos usuários do transporte aéreo. Obras que vêm sendo realizadas desde o ano passado incluem a transferência da praça de alimentação do 1º andar para o saguão principal e a diminuição da área de desembarque.

O grupo francês Vinci Airports, que administra o aeroporto desde 2022, aposta na compactação dos espaços para facilitar a circulação nos ambientes. Havia uma avaliação interna de que os salões eram muito extensos para um movimento não correspondente. Enquanto o aeroporto é planejado para receber 12 milhões de pessoas por ano, o público chega a cerca de 3 milhões.

Por outro lado, a redução das áreas de circulação deve gerar uma economia à empresa, considerando, por exemplo, que a área desativada no desembarque ficará sem qualquer tipo de atividade. Já o espaço onde hoje é a praça de alimentação será um setor administrativo.
 Opiniões

A reportagem esteve no aeroporto na tarde desta sexta-feira para ouvir a população a respeito das mudanças anunciadas pela Vinci Airports. Além da redução de espaços de livre circulação, houve realocação de parte do setor de check-in e reformas na pista de pouso.

Professora Márcia Regis (à esquerda) disse utiliza o aeroporto com frequência e contesta a informação de que há pouca circulação de pessoas no local (Foto: Paulo Bindá)

“Sou do Rio de Janeiro, mas moro em Manaus há muito tempo. Utilizo muito o aeroporto. Não vejo que há pouca circulação de pessoas aqui. Pelo contrário, em dias com mais voos, fica muito lotado e com filas enormes para entrar na área de embarque, por exemplo. Eu acho que deveria é aumentar a área”, opinou a professora Márcia Regis.

 Além de considerar o espaço pequeno, a passageira avalia que há poucos ambientes para sentar e aguardar por atendimentos, voos ou por conhecidos que chegam de viagem. “Eu tive que sentar em cima da minha mala que estava no carrinho, porque aqui na área de check-in quase não tem bancos”, comentou.

O que a professora destaca como positivo é a mudança da praça de alimentação para o saguão. “Achei isso perfeito, porque ficava lá em cima e era muito ruim ter que subir. No térreo vai ser muito melhor”.

A intérprete de libras Teodora dos Santos é de Manacapuru e estava no aeroporto para fazer uma viagem. Ela ressaltou que o local possui um fluxo grande de pessoas não só da capital. “Eu, por exemplo, sou de outro município e venho para cá. O aeroporto atende pessoas de municípios da região metropolitana também. É muita gente”.

Elogios

A pedagoga Ray Câmara esteve no aeroporto para buscar a filha que chegou de viagem.  À reportagem, ela elogiou a transferência da praça de alimentação para o saguão principal e sentiu que a reorganização do ambiente o tornou mais amplo.

A pedagoga Ray Câmara elogiou a mudança de local da praça de alimentação do Eduardo Gomes para o saguão principal (Foto: Paulo Bindá)

“A gente ficou com essa sensação de que está mais amplo mesmo, mais prático, mais organizado. Colocaram a área de embarque no final, não mais à direita do saguão. Isso ficou perfeito”, afirmou Ray Câmara.

 O técnico em informática Emerson de Assis avaliou que o espaço parece mais amplo no saguão principal, o que ele considerou positivo. A decepção foi com o fim da praça de alimentação no primeiro andar. “Ali era uma área muito bonita e bem mais espaçosa. Mudar aqui para o térreo vai fazer a praça ficar em um lugar muito menor enquanto lá no primeiro andar vai virar administrativo”.

Um problema antigo do aeroporto era a refrigeração do ambiente, considerando que Manaus costuma registrar entre 24 °C e 33 °C. Para Emerson Assis, o aeroporto está bem climatizado. “Estou circulando por aqui e a temperatura está bem agradável”. 

Investimentos

Diretora-presidente da Concessionária dos Aeroportos da Amazônia, Karen Strougo afirma que os investimentos da empresa na região Norte alcançam a cifra de R$ 1,48 bilhão, mais receitas de R$ 3,6 bilhões, ao longo da fase de obras que encerra em outubro. As obras incluem melhorias nos sete aeroportos da Amazônia administrados pela empresa (Manaus, Tefé, Tabatinga, Boa Vista, Porto Velho, Cruzeiro do Sul e Rio Branco).

Uma das alterações no aeporto é transferência da praça de alimentação do 1º andar para o saguão principal (Foto: Paulo Bindá)

“Além dos investimentos que estão previstos no Contrato de Concessão, serão realizadas outras obras que não são obrigatórias por contrato, mas que entendemos que irão melhorar a estrutura e trazer maior conforto aos passageiros”, destaca Karen Strougo.

 Ela cita que a concessionária, desde o início das operações, passou a executar um plano de ações imediatas. O trabalho incluiu a revisão e manutenção de todos os sistemas (refrigeração, eletricidade, elevadores, escadas rolantes e o sistema de esteiras de bagagem), substituição da iluminação convencional por LED, reparos gerais nos banheiros, disponibilização de wifi gratuito e de alta velocidade.

Em relação aos espaços do aeroporto, a reportagem questionou se há previsão para ampliação dos saguões com nova construções. Atualmente, as obras têm se concentrado na readequação das áreas já existentes.

“Por entender que não há necessidade de ampliar a capacidade atual do aeroporto, que foi planejado para atender cerca de 13 milhões de passageiros por ano, as obras se concentram na melhoria das condições do terminal, e otimização de espaços internos. Por conta dessa restruturação, a praça de alimentação funcionará no piso térreo, enquanto que o primeiro piso funcionará apenas a área administrativa do aeroporto e órgãos públicos”, respondeu a diretora-presidente.

 Obras encerram em outubro

O grupo francês Vinci Airports, que administra o Aeroporto de Manaus, deve finalizar em outubro as obras estruturantes que estão em andamento desde o ano passado. O prazo segue o contrato firmado junto à Agência Nacional de Aviação (Anac), que prevê a obrigatoriedade de a concessionária fazer investimentos de melhoria até três anos após a aquisição do aeroporto.

No fim do governo Bolsonaro, houve uma ‘maratona’ de venda de ativos públicos, na esteira da política de privatização do então ministro da Economia, Paulo Guedes. O aeroporto de Manaus fazia parte do Bloco Norte, que inclui os aeroportos de Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga (AC), Tefé (AM), e Boa Vista (RR). O bloco concedido à iniciativa privada,  arrematado por R$ 420 milhões.

Melhorias

Na avaliação da economista Denise Kassama, a concessão do aeroporto Eduardo Gomes à iniciativa privada está produzindo resultados positivos.

Economista Denisse Kassama considera que a privatização do Aeroporto Eduardo Gomes está produzindo efeitos positivos (Foto: Arquivo/AC)

 Ela lembra que a estrutura foi concedida à iniciativa privada em abril de 2021 e desde 2022  saiu da infraero e passou para a Vinci Airports, uma empresa francesa que agora administra o Aeroporto de Manaus, um dos maiores em termos de movimentação do país, considerando a movimentação de cargas, principalmente em relação ao polo industrial de Manaus, e de passageiros.

"Desde então, a gente tem observado melhorias na infraestrutura, nos terminais. Ainda este fim de semana eu estive no aeroporto para buscar uma pessoa e vi que o terminal de desembarque foi alterado por conta de uma obra de melhorias no espaço original. Pode-se dizer que realmente, aparentemente, o aeroporto está melhor. Está todo remodelado, com espaços bons, guichês bons. Pode ser que alguma coisa ou outra ainda precise melhorar, mas a gente avalia que o resultado da concessão continua positivo", avalia Kassama.
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