Segundo Catarina Estrella, promotor de Justiça Walber do Nascimento já teria feito outros comentários 'jocosos' sobre ela, e disse que foi vítima de "violência institucional"
Catarina Estrella, advogada criminalista (Foto: Paulo Bindá / A Crítica)
“Me deu um sentimento de impotência”, definiu a advogada criminalista Catarina Estrella, ao ouvir a fala do promotor de Justiça, Walber Luís do Nascimento, que durante a réplica de argumentação associou a advogada a uma 'cadela'. Nesta quarta-feira (13), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), localizada na avenida Umberto Calderaro Filho, bairro Adrianópolis, a advogada declarou ainda que tomará as devidas providências nas esferas criminal, civil e administrativo.
O caso ocorreu mais cedo durante uma sessão presidida pelo juiz de Direito, Carlos Henrique Jardim, titular da 3º Vara do Tribunal do Júri no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). Estrella era responsável pela defesa do réu que responde ao crime de tentativa de homicídio no júri popular. O vídeo gravado pela própria advogada mostra o momento em que o promotor de Justiça, Walber do Nascimento, utiliza uma analogia para associá-la a uma cadela.
A sessão de Júri Popular começou na segunda-feira (11). Estrella relata que durante os primeiros dias de trabalho no plenário, já ouvia comentários considerados por ela como jocosos por parte do promotor de Justiça, assim como tentou registrar em ata cinco nulidades que ocorreram durante as atividades, mas o juiz Carlos Jardim não atendeu ao pedido da advogada. Segundo a advogada, ela ainda mandou o vídeo e um e-mail para a Corregedoria do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
A Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas no Amazonas (Abracrim-AM) entrou com uma representação junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Vilson Benayon, presidente da Abracrim-AM (Foto: Paulo Binda / A Crítica)
Vilson Benayon, presidente da Abracrim-AM (Foto: Paulo Binda / A Crítica)
Jean Cleuter Mendonça, presidente da OAB-AM, afirmou que será realizada uma sessão extraordinária do conselho da instituição onde será decidido se uma investigação será aberta para apurar a conduta do promotor de Justiça, Walber Luís do Nascimento, assim como a do juiz Carlos Henrique Jardim.
Jean Cleuter Mendonça, presidente da OAB-AM (Foto: Paulo Bindá / A Crítica)
Jean Cleuter Mendonça, presidente da OAB-AM (Foto: Paulo Bindá / A Crítica)
Para o presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas e Valorização da Advocacia da OAB-AM, Alan Jhony Fonseca, o ofensa não foi somente para a Estrella, mas se estende a toda classe de advogados. “Nesse cenário a vítima é toda advocacia. E com o rigor da lei vamos buscar responsabilizar a autoridade que lhe ofendeu e à todos os advogados. Com todo o rigor institucional da nossa classe”, pontuou. “Em qualquer ato que venha violar as prerrogativas a OAB estará presente”, complementou.
Alan Johny Fonseca, presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas e Valorização da Advocacia da OAB-AM (Foto: Paulo Bindá / A Crítica)
Alan Johny Fonseca, presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas e Valorização da Advocacia da OAB-AM (Foto: Paulo Bindá / A Crítica)
O TJAM-AM não irá se pronunciar até o momento. O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) afirmou que vai primeiro apurar os fatos para posteriormente se pronunciar formalmente. A Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), por meio do presidente Alessandro Gouveia, apresentou total e irrestrito apoio ao promotor de Justiça Walber do Nascimento. Já Nascimento negou, em entrevista a TV A Crítica, que tenha chamado Estrella de 'cadela', mas sim que a advogada foi desleal durante a sessão de julgamento.