ALERGIA AO SOL

Quando o forte calor do verão amazônico causa alergia

Altas temperaturas típicas para o período do ano acende um alerta às pessoas que sofrem com o calorão

Amariles Gama
cidades@acritica.com
21/08/2022 às 13:31.
Atualizado em 21/08/2022 às 16:03

Pequena parcela da população sofre com altas temperaturas (Foto: Divulgação)

No Amazonas, o período mais quente do ano chegou com tudo. Há quem pense em aproveitar o momento para curtir uma praia, igarapés ou um flutuante. Porém, uma pequena parcela da população sofre com essas altas temperaturas por conta de uma condição de saúde chamada popularmente como “alergia ao calor”.  

A dermatologista Jhully Monteiro explica que esse tipo de alergia é uma condição rara, mas existe. “Urticária ao calor, como chamamos, é uma das doenças que ocorrem após exposição solar. Como nas outras formas de urticária, surgem placas avermelhadas e edematosas que podem apresentar prurido”, explicou a dermatologista.

Os sintomas mais comuns podem incluir coceira, inchaço na pele, queimação na pele, manchas vermelhas e pequenos caroços, que acometem, principalmente, a parte superior do tronco, pescoço, rosto e braços. O tratamento deve ser orientado por um dermatologista ou alergologista após o diagnóstico, mas normalmente é feito com antialérgicos e pomadas.

Com o excesso de calor, os bebês e crianças podem sofrer com a miliária, popularmente conhecida como “brotoeja”, ou ainda com o surgimento de assaduras. De acordo com a dermatologista Jhully Monteiro, a brotoeja ou miliária ocorre por produção excessiva de suor que não consegue ser eliminado devido à obstrução dos canais sudoríparos. 

“A dica para as mamães é tentar manter a criança em lugar arejado, longe do calor, usar roupas de tecidos leves e claros, como algodão branco. E em caso de persistência das lesões, consultar um dermatologista”, orientou a especialista.

Para esse período de temperaturas elevadas, a dermatologista dá algumas dicas de cuidados com a pele. “Medidas simples como uso de protetor solar oral é tópico. Evitar exposição solar prolongada. Uso de utensílios de barreira física como óculos de sol, chapéus, roupa com UV, beber bastante água e hidratar a pele podem evitar muitos danos. Na dúvida, consulte um dermatologista de sua confiança”, orientou.

Brotoejas em bebês

A agente de portaria, Suzianne Ruiz, de 29 anos, teve esse problema de brotoejas com a sua filha, a pequena Lívia Cristinne, hoje com 6 anos de idade. Quando Lívia tinha apenas 1 ano e 5 meses, a exposição ao calor e as altas temperaturas típicas de Manaus provocaram danos à sua pele, causando as chamadas brotoejas. 

Quando a filha de Suzianne Ruiz tinha 1 ano e 5 meses ela sofreu com brotoejas (Foto: Divulgação)

"Ela era bem gordinha, e começou abaixo do pescoço esse problema de pele dela, começou uma vermelhidão e depois umas bolhas pequenas, só que com o passar do tempo elas foram crescendo. Aí me diziam que era bom passar maisena pra esfriar. Passamos também pomada para assadura, e não dava jeito”, relatou Suzianne.

A mãe de Lívia então a levou ao pediatra, que confirmou que as lesões na pele eram causadas pelo excesso de calor e recomendou o uso de pasta d’água. Porém, o tratamento não surtiu o efeito desejado e as lesões infeccionaram, precisando entrar com o uso de antibióticos. 

Ela conta também que usou remédios caseiros como a babosa que, segundo ela, surtiu grande efeito. Depois disso e com os cuidados necessários, Lívia não voltou a ter lesões na pele novamente. 

Alergias em adultos

O excesso de calor também pode atingir a população adulta, causando alergias. É o caso da empreendedora Raniely Farias, de 23 anos. Aos 11, ela foi diagnosticada com urticária colinérgica. Desde criança, as altas temperaturas, o calor e o suor foram problemas para ela, que ao se expor a essas condições logo surgiam as lesões na pele.

De acordo com a dermatologista Jhully Monteiro, a urticária colinérgica geralmente surge 15 minutos após estímulo que induz ao suor e aumento da temperatura corporal (como exercícios físicos), banho quente ou estresse emocional súbito. 

“É um dos tipos de urticária que mais afeta a qualidade de vida dos pacientes. É diagnosticada pelo dermatologista e alergologista que vai tratar de forma adequada”, destacou Monteiro.

Raniely conta que quando passou uma temporada de mais de 1 ano morando em São Paulo, onde as temperaturas são mais amenas e frias, a condição de pele dela melhorou bastante. Porém, no inverno, o problema era o banho quente que também provoca a alergia, como bem explicou a dermatologista. 

Com o diagnóstico precoce, Raniely recebeu orientações de um profissional especializado para tratar a condição que não tem cura, mas o tratamento consiste em aliviar os sintomas e evitar hábitos que estimulem o aparecimento das lesões. 

Aos 11 anos, Raniely Farias foi diagnosticada com urticária colinérgica (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tenho que evitar ambiente fechado, manter o ambiente sempre limpo, tomar muito banho, usar creme hidratante, cremes de babosa, nada de repetir roupa, nem usar roupas térmicas, evitar dormir de roupa ou usar perfumes, trocar com frequência as roupas de cama, entre outras. Já falaram até para eu me mudar para o Sul por causa do frio”, brincou a empreendedora, ao destacar que com as altas temperaturas de Manaus, ultimamente, tem sofrido com a condição de pele. Tenho que evitar ambiente fechado, manter o ambiente sempre limpo, tomar muito banho, usar creme hidratante, cremes de babosa, nada de repetir roupa, nem usar roupas térmicas", Raniely Farias, 23, Empreendedora.
Ela era bem gordinha. E começou abaixo do pescoço esse problema de pele dela (a brotoeja), começou uma vermelhidão e depois umas bolhas pequenas, só que com o passar do tempo elas foram crescendo. Suzianne Ruiz, 29, mãe da pequena Lívia Cristinne
(Colinérgica) É um dos tipos de urticária que mais afeta a qualidade de vida dos pacientes. É diagnosticada pelo dermatologista e alergologista que vai tratar de forma adequada. Jhully Monteiro, dermatologista.

Altas temperaturas

Esse ano, as temperaturas mais elevadas surgiram mais cedo em Manaus, ainda no mês de julho. Porém,  o período mais quente do ano só está começando.

Segundo o meteorologista Willy Hagi, os meses de agosto, setembro e outubro são, em média, os mais quentes de todos no Amazonas. 

O meteorologista destaca que o calor costuma chegar de vez a partir do começo da estação seca na nossa região, geralmente, entre os meses de maio e junho. Segundo Hagi, o Amazonas apresenta uma temperatura média anual de 35ºC, mas Manaus já registrou uma temperatura máxima de 41,4 ºC, que não é comum. 

“Nesse ano, as temperaturas mais elevadas começaram a aparecer mesmo a partir da segunda metade de julho, não só em Manaus como também pelo Sul do Amazonas, em municípios como Manicoré e Humaitá. Na capital, os dias 26 e 28 de julho estão empatados como o segundo dia mais quente do ano, com temperatura máxima de 34,7 °C”, explicou. 

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