Presidente Jair Bolsonaro desembarca em Manaus e participa da 'Marcha para Jesus', neste sábado

O presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarca em Manaus neste sábado  para participar de uma reunião com lideranças evangélicas e da 28ª edição da  Marcha para Jesus. É a primeira visita do presidente ao Amazonas após as edições de quatro decretos que afetam a Zona Franca de Manaus (ZFM), entre os meses de fevereiro e abril, cujos efeitos foram suspensos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, 

Bolsonaro chega na capital amazonense às 10h30, no Aeroporto Eduardo Gomes, segundo texto divulgado à imprensa pela assessoria do ex-superintendente da Suframa coronel Alfredo Menezes, pré-candidato ao Senado.  A  saída ocorrerá pelo “Eduardinho” onde haverá uma recepção organizada por movimentos da Direita. 

O governador Wilson Lima (UB) deve comparecer ao aeroporto como o presidente estadual do PL, Alfredo Nascimento, pré-candidato a deputado federal. Em seguida, Bolsonaro  seguirá para a TV A Crítica, onde concederá  entrevista ao apresentador Sikera Júnior.

Reservado

“Do local da entrevista, o presidente vai seguir para um almoço reservado no Comando Militar da Amazônia (CMA), zona oeste da capital. De lá, vai seguir em comboio para o Teatro Amazonas, no Centro de Manaus, onde vai ter um encontro reservado com lideranças religiosas do estado. A imprensa não terá acesso”, diz um trecho do texto divulgado. 

Bolsonaro participará de todo percurso da Marcha para Jesus - onde devem participar, segundo a organizaçaõ do evento - 450 mil pessoas -  que inicia na Praça da Saudade e encerra  no Sambódromo. Já no evento ele deve fazer um discruso e participar do culto e por lá deve  ficar até às 19h30, quando encerra a passagem pela capital. 

Líder da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), o pastor Valdiberto Rocha,  afirmou à reportagem   que o evento não é eleitoreiro, apesar da presença confirmada  de vários pré-candidatos.
 
Para o religioso, a justificativa é bíblica. “Romanos 13:1 diz que toda a autoridade é constituída por Deus”. De acordo com ele, não haverá nada mais do que já é realizado quinzenalmente pelos líderes da Omeam, quando são feitas orações pela família, unidade da Igreja e autoridades eclesiásticas e civis. 

Orações

“A gente vai fazer exatamente o que a gente já faz há 27 anos na Marcha e há 35 anos de Omeam. A única diferença para nós é que sábado nós estaremos orando pelas autoridades com eles presentes. Não temos gerência [sobre os fiéis] cada um vai ter o seu juízo de valor]. Cada um vai ter que interpretar o que quiser, a Omeam não se envolve com isso”, disse o pastor. 

Para organizar o evento, cerca de 1. 180 agentes públicos serão mobilizados, segundo Valdiberto Rocha, pelo Centro Integrado de Controle e Comando (CICC). Dentre eles o Instituo Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, segurança particular, Serviço Móvel de Urgência (Samu) dentre outros. Além da presenças das Forças Armadas para reforçar a segurança do presidente. 

Parte dos custos deve ser financiada pelo Estado e a Prefeitura, uma vez que o evento compõe o calendário oficial do Amazonas. 

Os recursos são executados pela Secretaria Estadual de Cultura (SEC) e pela ManausCult, todos solicitados por meio de ofícios enviados pela Omeam. As atrações musicais, por exemplo, são provenientes de uma concessão da prefeitura de parte dos valores que haviam sido investidos no Réveillon 2021, que foi suspenso devido o temor de uma nova onda da Covid-19.

“A Omeam passou a ter um assento no CICC quando se trata da Marcha para Jesus. A Marcha para Jesus é hoje, proporcionalmente, a maior marcha do Brasil. Quase a metade da população vai marchar. Passamos dois anos, por conta da pandemia, ninguém fez nada, em lugar algum. Esse grupo de cantores que estarão cantando na Marcha para Jesus havia sido previamente contratado pra o Réveillon de 2021”, disse.

Caravanas de municípios como Manacapuru, Itacoatiara, Presidente Figueiredo e Borba já cofirmaram a participação na marcha, segundo o líder da Omeam. 

Saiba mais

Histórico 

A Marcha para Jesus ocorre  há 27 anos em Manaus, organizada pela  Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam). No início participaram pouco  mais de  400 pessoas, lembra o pastor Valdiberto Rocha. Em  2005, o evento entrou para o calendário da cidade. Em 2012, houve a apresentação da banda Diante do Trono.

Alfredo Menezes - Ex-superintendente da Suframa

 “A expectativa  é a melhor possível. Com o presidente na cidade a gente muda toda uma atmosfera. É sinal de prestígio para nós.  A Marcha para Jesus é um evento evangélico que acontece em todas as capitais e municípios brasileiros. Não tem politização até porque o presidente não vem fazer palanque eleitoral. Ele vem prestigiar o público cristão evangélico. Isso daí [as críticas à politização do evento] é do pessoal do contra. Esse evento que o presidente vem não é um evento para ele, é um evento que tem na cidade de Manaus há mais de 30 anos e o presidente é apenas um convidado. Quem reclama disso é só o pessoal do “mi mi mi”.

Marcelo Ramos - Deputado federal pelo PSD

“Eu queria que  o presidente Bolsonaro viesse ao Amazonas inaugurar alguma coisa, entregar alguma coisa ao povo do Amazonas. Ele prometeu a BR-319 e não entregou. Ele prometeu proteger a Zona Franca, não entregou.  A BR-174 que foi uma rodovia que nunca teve problema. E está quase intrafegável em alguns trechos. Então ele vem aqui participar dessas festas infelizmente financiadas com o dinheiro público. É legítima do ponto de vista religioso, mas perde a legitimidade quando contaminada por um interesse político e quando vira um palanque eleitoral, mas não sou eu que vou julgar. Eu respeito a religiosidade de todos. O presidente pode andar por onde ele quiser. Agora o povo do Amazonas ainda espera que ele venha aqui trazer uma boa notícia porque agora ele não trouxe nenhuma”.

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