NOVO BIÊNIO

Presidente eleito do TJ-AM mira em polos tecnológicos para ampliar acesso à Justiça no interior

Desembargador Jomar Fernandes foi aclamado presidente da Corte para os próximos dois anos em uma eleição sem concorrentes

Emile de Souza
politica@acritica.com
10/09/2024 às 15:23.
Atualizado em 10/09/2024 às 15:23

Jomar Fernandes foi aclamado presidente da Corte na manhã desta terça-feira para um mandato de dois anos, que se inicia em janeiro de 2025 (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

O presidente eleito do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Jomar Fernandes, defendeu nesta terça-feira (10) a criação de polos tecnológicos em comunidades distantes do estado para facilitar o acesso da população aos serviços prestados pela Justiça Estadual. O desembargador foi aclamado presidente da Corte na manhã desta terça-feira para um mandato de dois anos, que se inicia em janeiro de 2025.

“Me preocupa muito o vulnerável que está excluído da rede mundial de computadores e que não tem acesso, por isso, ao poder judiciário. Então, já existe um projeto em execução de instalação de polos de informática com acesso à rede mundial de computadores nas comunidades mais distantes, para que o morador local tenha a oportunidade de levar ao Poder Judiciário o seu reclamo, as suas reclamações”, afirmou Fernandes.

Na eleição para presidente do TJ-AM, apenas Jomar Fernandes concorreu. Após a votação, ele ressaltou que uma das prioridades de sua gestão será ampliar o alcance da justiça nos rincões do Amazonas. “Pois, se ele (o morador distante) não tiver acesso à rede mundial de computadores, ele não tem como fazer nada disso. Então, nós pretendemos atuar fortemente na criação desses polos e no aumento do número de processos digitais; é essa a questão tecnológica”, destacou Fernandes.

Magistrados reunidos para a eleição (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

Outro ponto defendido por Jomar Fernandes é a continuidade do processo de regularização fundiária, ação que ele já desenvolve por meio da Corregedoria do TJ-AM. “O projeto Solo Seguro visa à regularização fundiária da Amazônia. E aqui eu abro um parêntese para dizer que, infelizmente, o Estado do Amazonas é o mais atrasado no que diz respeito a essa regularização fundiária. Por isso é que estamos a sofrer e a descobrir esses megalatifúndios que têm origem em matrículas e títulos falsos”, disse.

Fernandes afirmou que essas descobertas são possíveis graças ao projeto estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, ressaltou que vai apoiar de forma irrestrita a atuação da Corregedoria no projeto “Registre-se”, que também é um programa do CNJ e visa combater o sub-registro de nascimento (pessoas que nasceram, mas nunca tiveram documento).

“Esse projeto é delegado às corregedorias estaduais, e eu tenho estado à frente nos últimos um ano e oito meses, e olhem que tem sido uma grande descoberta. A gente não imaginava que havia tanto cidadão brasileiro que simplesmente não existia. Pessoas com 60 anos de idade que nunca tiveram a oportunidade de tirar a sua certidão de nascimento. Uma das metas é justamente atuar juntamente com o desembargador Hamilton, que estará à frente da Corregedoria”, declarou Fernandes.

(Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

Concurso público

O presidente eleito também afirmou que, em sua gestão, pretende realizar concurso público, mas que a medida precisa ser planejada de forma equilibrada.

“Em primeiro lugar, é preciso dizer que o Poder Judiciário sempre sofre dessa carência de material humano, principalmente em razão dos nossos limites financeiros. Mas a proposição, tanto da desembargadora Nélia, que atualmente dirige o tribunal, quanto a nossa, é tentar suprir essas necessidades, e o caminho é um só: o concurso público”, afirmou.

Em relação ao atual orçamento do tribunal, que este ano totaliza R$ 1,2 bilhão, o magistrado disse que, se necessário, buscará o governo do Estado e a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). Ele citou o custo logístico para se implementar qualquer projeto no Estado. 

“Eu diria que, se não for suficiente o orçamento do Poder Judiciário, nós iremos atrás. Iremos conversar com o governador, iremos conversar com o presidente da Assembleia para tentarmos suprir essas necessidades que, por acaso, o próprio orçamento do Poder Judiciário não venha a suprir”, destacou o presidente do TJ-AM.

Desjudicializar

Jomar Fernandes também falou sobre a necessidade de desjudicializar os conflitos para evitar o acúmulo de ações no Judiciário.

“O Poder Judiciário brasileiro hoje tem um estoque de aproximadamente 83 milhões de processos para 18 mil juízes. É o Poder Judiciário mais judicializado do planeta. E não basta apenas termos disponibilidade financeira para resolver esses 83 milhões de processos. É preciso que se pense também em maneiras de desjudicializar a população brasileira. Esse também é um projeto que nós temos”, disse.

O desembargador afirmou que a desjudicialização depende de legislação federal e que vai contribuir com esse processo.

Redes sociais

O corregedor eleito com 20 votos, Hamilton Saraiva, ao ser questionado sobre a atuação de magistrados nas redes sociais, fez um alerta sobre os limites dessa conduta digital. 

“O magistrado tem deveres muito bem colocados na legislação da magistratura, e nós iremos atuar, primeiro orientando o magistrado sobre determinadas situações que não estão de acordo com essa lei orgânica da magistratura, onde magistrados, antes de se pronunciar nos autos, se pronunciam por redes sociais. Isso não está certo. E a Corregedoria irá trabalhar firmemente nesse caminho”, afirmou Saraiva.

O desembargador Hamilton Saraiva ficará à frente da Corregedoria (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

Questionado sobre a continuidade nos trabalhos da gestão de Jomar Fernandes em relação à grilagem de terras e à utilização de cartórios para processos irregulares, o corregedor eleito afirmou que pretende seguir o que já foi planejado nessa área. 

“Nós temos planos a seguir; daremos continuidade a esses planos, é claro que cada um com sua forma de dirigir. Mas os planos não são do desembargador Hamilton nem do desembargador Jomar; são planos do Tribunal de Justiça e da Corregedoria Geral de Justiça. Nós iremos, sim, continuar a desenvolver, melhorar se for o caso, e direcionar, fazer ajustes nos planos existentes”, ressaltou.

O vice-presidente eleito com 22 votos, Airton Gentil, afirmou que, além de dar suporte aos trabalhos do presidente, se dedicará a auxiliar o presidente e, no próximo pleito, deixará seu nome à disposição para votação.

Airton Gentil foi eleito como vice-presidente da Corte (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

“Eu tenho 35 anos na magistratura, então faz parte da carreira chegar ao ápice. Com certeza disputarei a presidência daqui a dois anos e colocarei meu nome à disposição”, informou.

A desembargadora Carla Reis (esquerda) foi eleita presidente do TRE-AM. Ela terá a companhia da desembargadora Nélia Caminha, que foi eleita vice-presidente da corte eleitoral (Fotos: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

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