PROBLEMA RECORRENTE

Pneus descartados acumulam água parada e aumentam risco de dengue na Zona Leste de Manaus

Essa é a 3ª vez que os pneus empilhados na avenida Cosme Ferreira são reportados. No bairro Mauazinho, a situação chega a ser ainda pior

Lucas Motta
29/01/2025 às 09:08.
Atualizado em 29/01/2025 às 09:08

Além do bloqueio na passagem de pedestres, os pneus servem como criadouros para o Aedes aegypti, preocupando os moradores da região (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Dezenas de pneus acumulam água parada nas proximidades de uma unidade de saúde no bairro Zumbi dos Palmares, Zona Leste de Manaus. Até a última semana, a capital do Amazonas já havia registrado 153 casos suspeitos de dengue.

Os pneus estão amontoados em pequenas “torres” no canteiro central que divide a avenida Cosme Ferreira, bem em frente à Unidade de Saúde da Família Alfredo Campos. Quem precisa atravessar a via tem que escolher outro trecho porque os objetos bloqueiam a passagem, mas o maior risco, na verdade, está na parte interna deles. O acúmulo de água parada cria um ambiente perfeito para que o mosquito transmissor da dengue (e outras arboviroses, como a zika) deposite seus ovos e se multiplique. Esse fator preocupa os moradores do bairro.

“A questão da dengue hoje em dia é prejudicial para a nossa saúde. Tem a campanha contra a doença e seria muito errado esses pneus estarem aí. Eles ficam acumulados e devem ser do pessoal que trabalha com borracharia. Deixam aí para o lixeiro levar, mas ele não leva”, disse a dona de casa Railene Batista.

A dona de casa Railene Batista critica o descarte irregular de pneus e cobra providências: “Eles ficam acumulados e ninguém recolhe” (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)


A dona de casa Railene Batista critica o descarte irregular de pneus e cobra providências: “Eles ficam acumulados e ninguém recolhe” (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Problema antigo

Essa não é a primeira vez que o A CRÍTICA reporta a grande quantidade de pneus na localidade. Em reportagem publicada no mês de junho de 2024, o caso já vinha à tona. Outra reportagem, de fevereiro do mesmo ano, também destacava o problema dos pneus.

Em outra parte da Zona Leste, no bairro Mauazinho, a situação é ainda pior. Perto de um ponto de parada de caminhões de carga, os pneus dividem espaço com lixo, a maioria garrafas PET. O local fica em uma encosta, próximo a uma área verde, e o material descartado já invade a mata.

No bairro Mauazinho, a situação é ainda mais grave: pneus e lixo descartado invadem área verde, agravando os riscos à saúde pública (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)


No bairro Mauazinho, a situação é ainda mais grave: pneus e lixo descartado invadem área verde, agravando os riscos à saúde pública (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

A equipe do jornal A CRÍTICA entrou em contato com a Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. 

Ninho de mosquito

O médico infectologista Nelson Barbosa explicou por que a água parada é um fator extremamente propício para o desenvolvimento do mosquito. Segundo ele, esse cenário é o mais adequado para que a larva, ao eclodir dos ovos, tenha o crescimento necessário até a fase adulta, o que leva de sete a dez dias.

“A água parada, limpa ou suja, é o meio mais adequado para a criação da larva do mosquito porque ele não se desenvolve bem em água corrente. O movimento cria uma situação de estresse para a larva, dificultando seu crescimento”, explicou.

Pneus abandonados no canteiro central da Av. Cosme Ferreira já foram reportados outras vezes, mas o problema persiste (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)


Pneus abandonados no canteiro central da Av. Cosme Ferreira já foram reportados outras vezes, mas o problema persiste (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer)

Casos de Dengue

 De acordo com dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Manaus fechou o ano de 2024 com 2.680 casos confirmados de dengue, 21 de chikungunya, 21 de zika, 871 de oropouche e sete de mayaro. Outros 43 casos suspeitos de dengue, 31 de chikungunya e dois de zika, notificados no ano passado, continuam em investigação.

Em 2025, foram notificados 43 casos suspeitos de dengue na última semana, totalizando 153 registros neste ano. Desse total, 54 foram confirmados e 40 seguem em investigação. Dois casos suspeitos de chikungunya foram registrados na semana em estudo. No total, já foram sete notificações da doença neste ano, com um caso confirmado e um em investigação. Até o momento, não há registros de zika confirmados ou sob suspeita.

A vacinação contra a dengue está disponível no calendário municipal de imunização, com aplicação em Unidades Básicas de Saúde da capital. A secretária da Semsa, Shádia Fraxe, destacou que vacinar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos é essencial para conter o aumento das infecções, em conjunto com ações de fiscalização e campanhas educativas realizadas pela pasta e outras secretarias dentro do plano estratégico da gestão municipal.

“A vacina protege essa população contra as formas graves da dengue, mas é essencial que pais e responsáveis se mobilizem para levar suas crianças e jovens para receber as doses. O serviço está disponível em mais de 60 salas de vacina da Semsa em toda a cidade”, afirmo

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