Jucilene Batista procura pelo filho, José Gabriel Guimarães, de 16 anos, que está desaparecido desde o dia 5 de maio
A manicure Jucele Batista ao lado do filho, o estudante José Gabriel Batista Guimarães, de 16 anos, que está desaparecido (Fotos: divulgação)
A manicure Jucele Batista, 35, vem enfrentando dias de angústia com o desaparecimento do filho, o estudante José Gabriel Batista Guimarães, de 16 anos. Na sexta-feira (27), a mãe, o pai e os irmãos estão há 22 dias sem notícias do menino que sumiu no último dia 5 de onde morava, na rua Ônix, bairro Tancredo Neves, na zona Leste da cidade.
“De manhã, a gente acorda e a primeira coisa que a gente pede em oração é que ele apareça. Quando anoitece, e eu vejo que ele não está dentro de casa, bate uma tristeza, aquela angústia”, conta a mãe.
“A gente fica na esperança de que ele vai aparecer e eu sei que ele vai aparecer não importa quando. Eu só quero que ele apareça, não quero explicação de nada, só quero que ele chegue pelo portão, assobie como ele fazia e eu abra o portão pra ele entrar, porque o lugar dele é dentro de casa”.
José Gabriel Batista Guimarães desapareceu no final da tarde do dia 5 de maio da localidade onde mora. Ele sairia de casa para se encontrar com alguns amigos e não retornou. Um vídeo de câmeras de segurança o registrou andando até o final da rua e o último visto do WhatsApp dele consta 19h58 daquela data. Jucele Batista afirma que já recebeu possíveis informações sobre o paradeiro do filho como a de que ele pudesse estar em avenidas como Djalma Batista, no Centro de Manaus e até em hospitais e prontos socorros.
Jucele Batista pede ajuda da população para encontrar o filho, José Gabriel Batista Guimarães, que não é visto desde o dia 5 de maio (Foto: Phill Lima)
“São suposições né?. A gente ia muito nos locais no início, mas aí depois paramos por que a gente se enchia de esperança e não era ele”, diz ela, que faz um apelo.
Qualquer informação sobre o paradeiro de José Gabriel pode ser repassada por meio dos telefones 99325-4577/99474-6941 (mãe), 98451-0215 (pai), ou diretamente pelo disque denúncia 181 ou 190.
DADOS DE DESAPARECIDOS
O número de crianças e adolescentes desaparecidos em Manaus é expressivo. No ano passado, a Secretaria de Segurança Pública do Estado contabilizou 103 desaparecimentos entre a faixa etária de 0 a 17 anos, sendo que o maior número de desaparecimentos são de pessoas do sexo feminino. Neste ano, conforme os dados atualizados até fevereiro, Manaus tem 34 crianças e adolescentes desaparecidos. Desse número, 25 pessoas do sexo feminino estão desaparecidas. No entanto, os números referentes a 2022 são maiores.
De acordo com a titular da delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), delegada Joyce Coelho, a recomendação é não esperar os 24 horas de sumiço. Assim que a família se der conta de que a criança ou o adolescente desapareceu, os familiares podem se dirigir até a unidade especializada para a entrada ao boletim de ocorrência. Na Depca, os profissionais fazem a escuta da família e se inicia protocolos como a divulgação pública da imagem do desaparecido.
“A gente precisa avaliar toda a circunstancia desse sumiço até por que mais de 95% dos casos são casos em que o adolescente foge de casa por algum conflito familiar e nós precisamos apurar após o retorno desse adolescente. Se houve alguma situação de violência familiar, se for caracterizado como crime, será punido”, diz a autoridade policial.
“Nós orientamos que, apesar de que pode se registrar BO em qualquer unidade, venha até a Especializada por conta de que a gente já tem uma escuta especializada, um olhar especializado para que a gente possa direcionar quanto mais rápido essa busca. Nós funcionamos 24h, então desapareceu, não ligue, compareça imediatamente a delegacia”, reforça ainda.
Conforme ela, para aqueles casos em que o jovem realmente não aparece. As investigações ficam em aberto. “Infelizmente existem os desaparecimentos que a criança ou o adolescente não aparecem. Essa investigação fica aberta, é tomada todas as providencias, a qualquer momento se aparecer uma pista ou informação nova, nós temos a obrigação de correr atrás”, finalizou.
EXISTEM FORMAS DE ENFRENTAR ESSA DOR?
Segundo o psicólogo, Geisyng Azevedo, para esses casos de desaparecimento, não há como se ter um luto.
“Quando uma pessoa morre, a gente sabe onde está o corpo, se tem uma dimensão dependendo da crença, mas quando é desaparecido não se tem essa certeza, então se entra em um lugar de profunda angustia e sofrimento, por que não se sabe se o ente está bem ou se não está, se está vivo ou se está morto. Não é possível vivenciar esse luto por que lida com incerteza, o que leva a gente pra esse lugar de angústia”.
De acordo com ele, há caminhos para tentar amenizar a dor como fazer um ritual de despedida ou utilizar aquela dor como forma de ajudar outras pessoas.
“O primeiro é você entender que aquela pessoa não volte mais, independente se ela está viva ou não, e fazer um ritual de despedida, mas dependendo do nível de apego ou dependendo das crenças vai ser difícil, mas é uma possibilidade”, explicou.
“Outro caminho é você usar isso como uma forma de ajudar outras pessoas. Tem muitos casos de filhos que desaparecem, e mães se engajam para ajudar outras mães que passam pela mesma situação com projetos sociais. De toda a forma é uma situação muito difícil, talvez é uma das dores mais difíceis de serem superadas”.