Ao A CRÍTICA, a secretária de educação municipal, Dulce Almeida, explicou que a contratação dos agentes de portaria está em processo de licitação, mas adiantou a convocação de 350 desses profissionais
Forças de segurança vigiam a pré-escola Centro Bom Pastor onde um agressor de 25 anos matou quatro crianças com arma branca, em Blumenau, Santa Catarina, no sul do Brasil, na manhã de quarta-feira, antes de se entregar à polícia (AFP)
Após os recentes ataques a escolas no país e uma ameaça de ataque a uma escola municipal em Manaus, o governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus se movimentam para implementar medidas para aumentar a sensação de segurança de professores e alunos.
A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que as 506 unidades de ensino contam com um sistema de câmeras comandado por um Centro de Operações em Segurança Escolar (Cose). Há previsão ainda da contratação de 350 agentes de portaria para atuar nas escolas durante os turnos de aula.
A secretaria lembra que fez uma parceria com a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg) para que guardas municipais atuem nas escolas numa ronda motorizada.
Ao A CRÍTICA, a secretária de educação municipal, Dulce Almeida, explicou que a contratação dos agentes de portaria está em processo de licitação, mas adiantou a convocação de 350 desses profissionais.
Dulce Almeida registra que o retorno dos agentes de portarias nas escolas é um pleito antigo dos professores. A ideia da Semed é alinhar as câmeras de segurança com atuação presencial dos agentes.
Dulce esclareceu que a ronda municipal escolar vai acompanhar o dia a dia das escolas da cidade em todas as zonas. No dia 19 de fevereiro, A CRÍTICA mostrou que a prefeitura já considerava deslocar guardas municipais para reforçar a segurança das escolas.
À época, o secretário da Semseg, Sérgio Fontes, afirmou que a criação da ronda dependia da contratação de uma empresa para o fornecimento de veículos. Procurado, nesta quinta-feira, Fontes reforçou que os guardas municipais já realizam a ronda conforme a demanda da Semed.
Mas a ampliação do serviço depende da conclusão da licitação para o aluguel dos veículos. Atualmente, 20 guardas atuam na guarda motorizada e outros 20 trabalham em um grupamento de operações especiais.
Sérgio Fontes disse que a guarda atuou na ameaça de ataque contra a Escola Municipal Sérgio Augusto Pará Bittencourt, no Novo Israel. Segundo ele, a corporação ainda permanece na escola para dar apoio. A escola já possui agente de portaria, segundo a secretária da Semed.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), informou que conta com uma rede de apoio de comunicação entre coordenadoria distritais e regionais de educação que atua com as autoridades policiais para acompanhar publicações ou ações suspeitas vinculadas às escolas da rede estadual.
A Seduc informou ainda que atua em parceria com as secretarias de Segurança Pública (SSP), e de Assistência Social (Seas) para dar seguimento aos procedimentos e protocolos corretos, como patrulhamento policial na entrada e saída dos estudantes e acompanhamento sócio emocional com os estudantes.
A Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) afirmou, através de nota, que o governo do Amazonas acompanha a repercussão nacional dos casos de ataques às escolas e monitora a situação no estado. Informou também que até o momento não existe registro de ocorrências frustradas e que os jovens identificados estão sendo acompanhados.
“Mais detalhes sobre as ações de prevenção e monitoramento do Estado e o planejamento das próximas ações serão apresentados em coletiva de imprensa com os líderes das pastas, nos próximos dias", disse a Secom.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou, por meio de decreto publicado na quinta-feira, um grupo de trabalho interministerial, a quem caberá desenvolver estudos sobre contexto e estratégias e propor políticas de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas. A coordenação e a secretaria executiva ficarão a cargo do Ministério da Educação. Participarão do grupo representantes dos ministérios das Comunicações, da Saúde, Cultura, do Esporte, dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Justiça e Segurança Pública, além da Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a liberação de R$ 150 milhões para ampliar as patrulhas escolares em todo o país, em meio à onda de ataques.
Questionada, a secretária Dulce Almeida, da Semed, disse que a prefeitura tem o interesse de acessar os recursos.
Na tragédia mais recente, ocorrida na manhã desta quarta-feira, em Blumenau (SC), um jovem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, matando quatro crianças e ferindo pelo menos outras três. No dia 27 de março, um aluno de 13 anos matou uma professora de 71 anos a facadas em São Paulo.
"O valor inicialmente é de R$ 150 milhões, do Fundo Nacional de Segurança Pública, [destinados a] estados e municípios que detêm a competência constitucional para fazer esse patrulhamento ostensivo. Os editais devem ser publicados na semana que vem", informou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
A vereadora professora Jacqueline, membro da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Manaus (CMM), defendeu que a temática da violência seja trabalhada com mais ênfase nas escolas para alcançar uma cultura de paz e de diálogo.
Jacqueline afirmou que é necessário que os estudantes estejam preparados para uma “eventualidade”, mas com o devido cuidado para evitar que se instale um medo generalizado da escola.
“É preciso ter um treino para o professor aprender noções de defesa e primeiros socorros. Porque quando ocorre um ataque assim ninguém sabe para onde ir. Não temos a preocupação para onde evacuar se houve um ataque desse. Tem que ser muito cuidadoso com essa abordagem”, avaliou a vereadora.
Jacqueline, que atuou como diretora e professora nas escolas municipais Fábio Lucena e Marly Garganta, propôs também o emprego de profissionais de segurança na portaria da escola, além de cada escola criar um mecanismo de identificação dos alunos.