A 13ª edição do livro “Povos Indígenas do Brasil", foi lançado hoje (5) pelo Instituto Socioambiental (ISA) na Galeria Amazônica, no Largo São Sebastião. A obra é um trabalho que existe há 42 anos, fruto de uma rede coletiva formada por etnias indígenas, ativistas, jornalistas, fotógrafos e profissionais de diversas áreas espalhados pelo Brasil
(Foto: Jeiza Russo)
A luta e resistência dos povos originários brasileiros vividos no período de 2017 a 2022 estão registrados na 13ª edição do livro “Povos Indígenas do Brasil – Nunca mais um Brasil sem nós. A demarcação da política pelos povos indígenas”, lançado hoje (5) pelo Instituto Socioambiental (ISA) na Galeria Amazônica, situada no Largo de São Sebastião, Centro da cidade. A obra é um trabalho que existe há 42 anos, fruto de uma rede coletiva formada por etnias indígenas, ativistas, jornalistas, fotógrafos e profissionais de diversas áreas espalhados pelo Brasil.
(Foto: Jeiza russo)
A ativista e educadora política Vanda Witoto destaca que os momentos vividos no período de cinco anos foram muito difíceis para os povos originários.
Para Vanda Witoto, a obra eterniza a memória dos povos originários (Foto: Jeiza Russo)
É a primeira vez que a etnia Witoto participa do livro. “O meu povo originalmente é da Colômbia, mas nós temos um grupo aqui (no Brasil) que sobreviveu a todo um massacre dentro dos povos originários ocorrido no outro país. Então é um momento de celebração para o meu povo, porque estamos nesse grande mapa que é o Brasil, de reconhecimento e de representar o meu povo nesse espaço. Então é uma memória muito importante que os Witoto estão podendo viver”, pontuou Vanda.
Para Dadá Baniwa, liderança feminina da região de São Gabriel da Cachoeira, este é um momento histórico para as mulheres indígenas. Segundo ela, a obra precisa ser compartilhada com a juventude. “Para que eles possam conhecer a nossa trajetória de luta dentro dos nossos territórios. Nós mulheres lutamos bastante juntamente com outras lideranças, lado a lado, para que possamos ter nossos territórios demarcados, saúde e educação de qualidade. O lançamento desse livro é importante por causa da construção coletiva”, disse.
Dadá Baniwa destacou também a necessidade de a mulher indígena ser ouvida (Foto: Jeiza Russo)
Dadá considera a necessidade de dialogar com as mulheres indígenas uma prioridade.
O antropólogo Tiago Moreira, um dos editores do livro, destaca a coletividade do projeto. Para ele, a obra é um instrumento de memória que busca registrar um dos períodos mais difíceis para os povos originários desde o período militar, assim como mostrar como o movimento indígena esteve organizado e soube construir resistência e pautas para apresentar às pessoas que vivem no meio urbano.
Antropólogo, Tiago Moreira também foi um dos editores do livro (Foto: Jeiza russo)
“O movimento indígena saiu fortalecido desse período. Foi um período de combate por causa da perda de políticas voltadas para as causas indígenas. Por outro lado, eles conseguiram se reconstruir e reestruturar. E agora, com um governo que tem abertura maior para o diálogo, conseguiram trazer as próprias pautas e mudar no sentido de transformar a política indigenista para uma política feita pelos indígenas”, ponderou.
Nos dias 17, 18 e 19 de abril, está prevista a realização da Conferência Estadual dos Povos Indígenas, que será realizada no Centro Cultural Povos da Amazônia, localizado na avenida Silves, primeira parte do Distrito Industrial, zona Sul da cidade, com a expectativa de 300 lideranças indígenas de aproximadamente 68 etnias distintas. A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, são aguardadas para o evento.
Sinésio Trovão é diretor-presidente da Fundação Estadual do Índio (FEI) (Foto: Jeiza Russo)