Deputado estadual que teve mandato cassado durante regime militar será homenageado com a devolução simbólica do cargo
(Ex-deputado e jornalista Arlindo Porto foi presidente da Assembleia Legislativa)
Cassado no período da ditadura militar, o ex-deputado estadual Arlindo Porto receberá, de maneira simbólica, o mandato de volta no próximo dia 3. A homenagem, que segue iniciativa da já realizada no final de 2012 pelo Congresso Nacional foi proposta pelo deputado estadual Arthur Bisneto (PSDB).
No dia 6 de dezembro, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) devolveu simbolicamente o mandato de 173 deputados federais cassados entre 1964 e 1977. No dia 20 do mesmo mês, foi a vez de oito senadores cassados pelo regime militar serem homenageados no plenário do Senado Senado .
Para o deputado Arthur Bisneto, a devolução simbólica é um ato de justiça. “No caso de Arlindo, ele foi cassado antes do Ato Institucional Nº 5 e merece este ato, esta homenagem”, disse o parlamentar.
Arlindo Porto formou-se em Direito. Mas nunca exerceu a profissão. Atuou como revisor e repórter do jornal do Commercio. Trabalhou também em grandes jornais do País.
Começou a carreira política como suplente de deputado estadual. Foi eleito deputado estadual. E presidiu a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). Arlindo Porto teve o mandato cassado após o golpe militar de 1964 pela própria Casa Legislativa. O deputado ficou detido por 128 dias em um quartel do Exército, em Manaus.
O jornalista foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas. Também foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM TCE-AM ). Escritor, o ex-deputado é membro da Academia Amazonense de Letras desde 1992. Em janeiro de 2012, assumiu a presidência da academia. É autor dos livros “Poucas e Boas”, “O Regatão da Saudade” e “Bernardo Cabral, um Paladino da Democracia”.
Na Câmara
Entre os homenageados pela Câmara de Deputados, em dezembro de 2012, estavam dois amazonenses: os ex-deputados federais Bernardo Cabral (MDB-AM) e Almino Affonso (PTB/AM). A devolução simbólica dos mandatos foi uma iniciativa da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, criada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Dos parlamentares cassados, 28 estão vivos, como os dois amazonenses e Plínio de Arruda Sampaio; os demais foram representados, na homenagem, pelos familiares. “A história corrige as injustiças”, disse Bernardo Cabral, à época da homenagem.