Grupo intitulado como ‘Muda PT’ quer saída de Valdemir Santana e do filho

Retirado da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (SindMetal-AM) por suspeita de malversação de recursos, o presidente estadual do PT Valdemir Santana e o filho dele, Thiago Medeiros, são alvo de um pedido de intervenção para afastá-los da direção dos diretórios estadual e municipal da legenda, respectivamente.

O grupo ‘Muda PT’, composto por lideranças contrárias à gestão de Valdemir Santana e Thiago Medeiros é que trabalha no pedido da intervenção a ser feito ao diretório nacional do PT. O vereador Professor Bibiano é um dos membros desse grupo. O parlamentar explica que a insatisfação não é de hoje, mas somente agora se trabalha com a necessidade de se fazer o pedido.

De acordo com Bibiano, há vários motivos para pedir o afastamento dos dois presidentes. O motivo para intervenção no diretório estadual com o afastamento de Santana e todos os membros da diretoria é por envolvimento deles em denúncias de corrupção nos cargos públicos que ocupam. O principal exemplo é de Santana, acusado de malversação do dinheiro do SindMetal e fraude na eleição do sindicato.

No pedido de intervenção no diretório municipal existem duas causas, segundo Bibiano. A primeira é pela declaração de apoio de Thiago Medeiros e parte da cúpula municipal, em apoiar a candidatura do prefeito Artur Neto (PSDB), na disputa do segundo da eleição para prefeitura de Manaus.

O segundo motivo é a suspeita de desvio de recursos do diretório na contratação de uma gráfica feita por Thiago Medeiros durante a eleição municipal de Manaus, onde foi gerada uma dívida. Medeiros não pediu autorização para a contratação da gráfica e nem prestou contas aos demais membros do diretório municipal, segundo Bibiano.

“Estamos preocupados com as lideranças e figuras do partido com mandato que manchem a imagem do PT ainda mais, por envolvimento em denúncias de corrupção. O PT precisa de uma mudança no Amazonas”, disse Bibiano.

O grupo ‘Muda PT’ ainda não definiu quando pedirá a intervenção ao diretório nacional, mas a expectativa é que seja realizada antes da reunião nacional do PT na primeira semana de dezembro. Ainda nesse mês, no dia 19, o PT estadual e municipal também tem uma reunião marcada para definir o futuro do partido e discutir a mudança na direção e a intervenção será colocada em pauta.

Procurado pela reportagem, o deputado estadual José Ricardo, que faz parte do ‘Muda PT’, defendeu que é necessária uma mudança na direção estadual e municipal da legenda.

Indícios de fraude motivou decisão

No dia 26 de setembro, o juiz plantonista Adilson Maciel Dantas, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), decretou o afastamento de Valdemir Santana da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (SindMetal) e mais 82 membros que compõem a diretoria do sindicato por meio de um mandado de segurança.

O motivo do afastamento é a denúncia de fraude no processo eleitoral que elegeu a chapa da atual gestão. A chapa estava no terceiro mandato, que se encerraria em 2020.

No dia 10 de outubro, outra denúncia contra Valdemir foi divulgada pela junta governativa do sindicato. Trata-se da compra de oito carros novos da marca Toyota (Etios) com cartas de consórcio em nome do sindicato no valor de R$ 41.292,87 (cada veículo).

O presidente da junta que está no comando interino do Sindmetal, desde o afastamento de Valdemir Santana, Eduardo Mendes, comentou que está investigando o motivo da compra dos carros. Os veículos foram encontrados nas dependências de uma concessionária localizada no bairro São Geraldo, zona Centro-Sul da cidade, e estavam com o Termo de Intenção de Compra assinados pelo ex-presidente.

A junta governativa também informou que amanhã haverá uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho às 8h para ouvir as partes envolvidas na suposta fraude na eleição do sindicato. Funcionários do distrito industrial que se sentiram lesados por Valdemir anunciaram uma manifestação em frente ao tribunal contra o sindicalista.

Blog: Professor Bibiano, Vereador pelo PT

“Há uma insatisfação com as lideranças do partido. O PT precisa de uma mudança. Queremos esses afastamentos, pois o partido precisa se fortalecer e acreditamos que tendo líderes envolvidos em casos de corrupção manchem ainda mais a imagem do partido que vem sofrendo com os casos de corrupção a nível nacional. Temos conhecimento do envolvimento de membros do partido em casos de corrupção, desvios de recursos públicos, nos cargos que ocupam. Um desses exemplos é o afastamento do Valdemir Santana. Também há um descontentamento do diretório municipal em declarar apoio ao candidato do PSDB (Artur Neto). O partido decidiu em reunião que não apoiaria o candidato do PSDB, mas não vetou apoio ao seu adversário (Marcelo Ramos). Eles (Medeiros e parte do diretório municipal) entenderam que podiam apoiar o Artur”.

Presidente afastado do SindMetal e do PT Amazonas é réu em duas ações na Justiça Federal

O atual presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amazonas, Valdemir Santana, fez sua carreira no Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (desde 2005) e também na Centra Única dos Trabalhadores (CUT) (desde 2003). Ele representa o segmento que agrega o maior número de trabalhadores no Polo Industrial de Manaus (PIM). São pelo menos 80 mil. Desses, 30 mil são associados do SindMetal.

Valdemir é réu em duas ações penais na Justiça Federal, acusado de peculato, formação de quadrilha e corrupção passiva, por participar supostamente de um esquema para transferir valores da conta do SindMetal, na Caixa Econômica Federal, evitando que as quantias fossem bloqueadas judicialmente, segundo acusação do MPF.

Valdemir Santana está em seu primeiro mandato como presidente do diretório estadual do PT. Foi eleito em 2013, com previsão de término no segundo semestre de 2017, quando serão realizadas novas eleições. Antes de assumir o diretório estadual, ele também presidiu o diretório municipal da sigla em Manaus.

A reportagem procurou Valdemir Santana e o filho dele Thiago Medeiros, mas não houve retorno. O assessor de comunicação do PT, Georgio Curcio, disse que o pedido de intervenção é uma invenção.

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