IMIGRANTES

Governo Federal define reforço à Operação Acolhida após corte de verbas de Trump

Com o corte de 60% das verbas para operações com imigrantes por Donald Trump, o governo brasileiro anunciou apoio emergencial e define hoje o número de agentes para atuar na fronteira com a Venezuela

Lucas Motta
28/01/2025 às 12:54.
Atualizado em 28/01/2025 às 13:08

Corte de verbas por Trump intensifica crise humanitária na fronteira do Brasil com a Venezuela, entre eles, o Amazonas (Fotos: Junio Matos/A CRÍTICA (esquerda) e Brian Snyder/Reuters)

O Governo Federal deve definir, nesta terça-feira (28), a quantidade de agentes que serão deslocados para apoiar as ações da Organização das Nações Unidas (ONU) dentro da Operação Acolhida, no norte do Brasil. No domingo (26), a entidade notificou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou o corte de verbas que financiavam 60% dos custos das operações com imigrantes.

A reunião deve acontecer no mesmo formato da anterior, realizada na segunda-feira (27). Nela, o Estado brasileiro definiu que vai sustentar emergencialmente a Operação Acolhida, nas regiões de fronteira com a Venezuela, ao menos pelos próximos 15 dias. Participaram e devem participar novamente representantes da Casa Civil, dos ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Saúde, da Defesa, da Justiça e Segurança Pública e da Polícia Federal.

O foco do Governo agora é determinar a quantidade de agentes, como médicos, enfermeiros e assistentes sociais, que serão destacados para apoiar os atendimentos aos imigrantes. Entre os direcionamentos, há também a possibilidade de usar a Força Nacional do SUS para suprir a demanda na região, em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério da Defesa.

No domingo (26), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), principal componente da ONU para atendimento de migrantes e refugiados no Norte do Brasil, informou que o presidente americano, Donald Trump, ordenou o corte das verbas que fomentam as ações da entidade. Este bloqueio tem validade de 90 dias, ao menos inicialmente, e o valor dos repasses que deixaram de ser feitos chega a US$ 5 milhões.

O Governo Brasileiro busca um novo financiador para a OIM, e a entidade disse, por meio de nota enviada ao A CRÍTICA, que: “Estamos cientes da decisão do governo dos EUA de suspender todos os financiamentos de assistência internacional e estamos cumprindo todas as ordens legais, assim como fazemos com todas as diretrizes de nossos Estados-membros. Embora continuemos a analisar os impactos dessa ação, a OIM tem um histórico de longa data de colaboração com uma ampla variedade de governos de nossos Estados-membros ao redor do mundo. Como um dos membros fundadores da OIM, os EUA têm sido um parceiro fundamental, e trabalhamos com todas as administrações desde a nossa fundação. Continuamos comprometidos com o diálogo construtivo com as lideranças dos EUA e do Brasil para destacar os benefícios mútuos da colaboração.”

Ações no Amazonas

Outro “braço” da ONU que atua no Amazonas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), também se manifestou a respeito dos cortes direcionados à OIM, uma vez que também é atingido por eles. Por outro lado, o impacto é bem menor do que na instituição “co-irmã”, como explicou o Oficial de Comunicação, Miguel Pachioni.

“Estamos cientes da decisão da nova administração dos EUA de pausar a alocação de fundos para programas de assistência estrangeira no campo humanitário. No Brasil, possuímos uma fonte diversificada de investimentos por outros governos internacionais e pelo setor privado, o que ocasiona um impacto limitado em nossas operações”, disse.

Pachioni destacou ainda que as atividades do Acnur seguem com apoio aos parceiros e às necessidades das pessoas refugiadas. Devido aos longos anos de atuação em conjunto com o Governo Norte-Americano, considerado um parceiro confiável, espera-se abertura nos diálogos para que a situação possa ser contornada com o propósito de “salvar vidas, proteger famílias que fogem da guerra e da perseguição, promover a autossuficiência e reduzir a dependência de ajuda humanitária”.

Mais especificamente sobre a Operação Acolhida, o Governo do Amazonas é o responsável direto pelas ações humanitárias destinadas a migrantes e refugiados desde o ano passado, embora também haja parceria com a OIM, com a disponibilização de espaços locais para o trabalho da organização.

Os direcionamentos do Governo Estadual ocorrem por meio da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), que negou a suspensão dos atendimentos e reforçou que há um plano para comportar toda a demanda de serviços de pré-documentação de residência, de segunda a sexta-feira, no Posto de Interiorização e Triagem de Manaus (PTRIG), localizado no PAC Compensa, zona oeste da capital.

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