Aumento do combustível cria efeito cascata que pode se espalhar para outros setores
(Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)
Com a gasolina chegando a R$ 7,29 na cidade de Manaus, os preços de outros produtos tendem a aumentar escalonadamente. A avaliação da economista Denise Kassama é de que, com o combustível mais caro, outros fatores que contribuem para o preço final de produtos – como alimentos e outros itens importados – também tendem a sofrer reajuste.
Em um exemplo prático, se uma pessoa abastece 45 litros de gasolina por semana, até antes do reajuste, quando a gasolina estava em R$ 6,99, ela gastaria R$ 1.258,20 por mês. A partir do novo preço, esse gasto subiria para R$ 1.312,20, um aumento de R$ 54. Denise destacou que esse custo ocorre principalmente pelo fato de a Refinaria da Amazônia (Ream), privatizada em 2022, “não está fazendo o refino, mas sim comprando a gasolina pronta e colocando esse custo no bolso do consumidor”.
O coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), Marcus Ribeiro, afirmou à reportagem que o crescimento de R$ 0,30 no preço da gasolina “reflete um problema estrutural no mercado de combustíveis do Amazonas”, lembrando que o aumento é muito maior que o reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na gasolina, o qual foi de R$ 0,10.
O sindicalista afirma que o grupo controla os preços de forma abusiva por dominar todas as etapas do mercado de combustíveis local, desde a produção à distribuição. Para ele, a empresa controladora da Ream “tenta brincar com a inteligência do povo amazonense”.
“Se eu diminuo [o preço de venda da gasolina] na refinaria, o que eu vou fazer para compensar essa diminuição na refinaria? Eu vou aumentar na distribuição. Além disso, o Grupo Atem tem isenção de PIS e Cofins desde 2017, um benefício que nunca foi repassado aos consumidores. Agora pior, com a reforma tributária essa isenção foi transformada em lei, consolidando ainda mais o poder do grupo sobre o mercado”, criticou.
Em números, ele afirma que a empresa embolsará R$ 3 bilhões por ano que poderiam ser repassados para a União, resultando em investimentos para a população brasileira. Na via contrária, “a população amazonense continua pagando a gasolina mais cara do país, sem transparência ou justificativas claras para esses reajustes”.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Manaus tinha até o dia 8 de fevereiro o quarto maior valor médio do país na venda de gasolina comum. O preço médio nos 40 postos pesquisados na capital foi de R$ 6,98, considerando que o preço mínimo encontrado foi de R$ 6,97 e o máximo, R$ 6,99.
Segundo a tabela da agência, o preço médio da metrópole amazonense ficou abaixo somente de Boa Vista (RR), com R$ 7,02; Porto Velho (RO), com R$ 7,28; e Rio Branco (AC), com R$ 7,54. O impacto dos novos preços aparecerá no próximo relatório semanal da ANP.