Médico apontado como líder de desvios na Saúde convocou os ex-secretários Evandro Melo, Wilson Alecrim, Pedro Elias, Raul Zaidan e o deputado Josué Neto
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Preso durante a operação “Maus Caminhos”, o empresário e médico Mouhamad Mustafa, apontado como o líder da organização criminosa que desviou cerca de R$ 110 milhões do Fundo Estadual de Saúde, listou como testemunhas de defesa um time “de peso”: quatro ex-secretários estaduais, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) deputado Josué Neto (PSD), o ex-subcomandante da Polícia Militar (PM-AM), Aroldo Ribeiro, dentre outros.
O staff testemunhará a favor de Mouhamad no processo que tramita na 4ª Vara Criminal da Justiça Federal e que tem como relatora a juíza federal Ana Paula Serizawa Silva Podedworny. Para testemunhar em sua defesa, Mouhamad chamou personagens até pouco tempo do primeiro escalão do governo estadual. São eles: o ex-secretário de Administração do Governo (Sead) Evandro Melo (Pros); os ex-secretários de Saúde (Susam), Wilson Alecrim, que comandou a pasta por cinco anos, e Pedro Elias, que permaneceu à frente da secretaria por um ano e meio; e o ex-chefe da Casa Civil, Raul Zaidan.
O empresário convocou também o presidente da Comissão Geral de Licitação do Governo do Estado (CGL), Epitácio de Alencar e Silva Neto, e o ex-presidente do Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas (ICEA), Julio Cezar Furtado de Queiroz.
Dinheiro da saúde
A operação Maus Caminhos foi deflagrada no dia 20 de setembro de 2016 e desarticulou, segundo denúncia do MPF, uma organização criminosa que teria desviado verbas públicas por meio de contratos da Susam com o Instituto Novos Caminhos para gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Campos Sales, Zona Norte, a maternidade de Tabatinga, e o centro de reabilitação em dependência química em Rio Preto da Eva.
O esquema, de acordo com as investigações, era comandado por Mouhamad, que está preso. Segundo a PF, os desvios ocorriam desde abril de 2014. O médico foi apontado como o líder do bando. Durante as investigações, a PF descobriu que a organização criminosa tinha constituído um braço armado que seria comandado pelo coronel da Polícia Militar Aroldo Ribeiro.
“Identificamos esse grupo que era formado por policiais militares e civis que faziam a segurança pessoal de Mouhamad, de sua família e das atividades do grupo. Elas faziam segurança pessoal, de saques e transportes de valores pra casa e empresas do acusado”, revelou à época o procurador da República Alexandre Jabur, responsável pela operação.
Ele afirma que a Susam deixou de fiscalizar os contratos que celebrou e, em dois anos, nada fez para fazer parar a sangria dos cofres públicos.
Depoimentos
A Justiça Federal começa nesta quinta-feira (27) a ouvir em Manaus testemunhas de acusação do processo oriundo da Operação Maus Caminhos. Entre as 18 testemunhas que serão ouvidas ao longo do dia está o empresário Mouhamad Moustafa.