NÚMEROS DA SECA

Custo da estiagem para indústria do AM fecha em R$ 1,5 bilhão em 2024

Número consolidado foi divulgado pelo coordenador Augusto Rocha em evento para associados

Lucas dos Santos
23/01/2025 às 18:31.
Atualizado em 23/01/2025 às 18:31

(Foto: Junio Matos/A CRÍTICA)

Os custos da estiagem para a indústria amazonense totalizaram pouco mais de R$ 1,5 bilhão em 2024, segundo Augusto César Barreto Rocha, coordenador da comissão de logística do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam). Segundo ele, a causa foi “o período mais longo” da seca, que atingiu seu ápice ainda em setembro, e “do câmbio”, em referência à disparada do dólar ocorrido nos últimos meses do ano passado.

O número é maior que o projetado pelo Cieam em novembro de 2024. À época, a instituição esperava um custo extra de R$ 1,4 bilhão, especificamente R$ 100 milhões em obras emergenciais, R$ 846 milhões em sobrecustos com estoques e mais R$ 500 milhões devido à taxa da seca cobrada pelas transportadoras, especialmente a Maersk e MSC.

“Esperávamos bem menos. Foi assim alto por conta de alguns fatores: variação cambial, maior volume (maior atividade econômica) e maior período de interrupção. Numa comparação histórica hipotética, é como se o custo do ano de 2023 tivesse reduzido 35% em relação a 2024, mas ao somar tudo, ficou mais caro”, disse em resposta à reportagem.

O número foi divulgado durante o XI Fórum de Logística nesta quinta-feira (23), onde o Cieam reuniu associados e imprensa para tratar das hidrovias estaduais em 2025. No evento, o prático e sócio da empresa Praticagem dos Rios da Amazônia Ocidental (PROA), João Romero, afirmou esperar que a seca de 2025 seja menos severa que a de 2024 e que, apesar das incertezas, o cenário atual não está tão desesperador como foi no último ano.

“Em 2023, a gente foi pego de surpresa por essa seca tão severa. Várias cidades com crise de abastecimento. A indústria [foi afetada], vocês sabem melhor que ninguém, as férias coletivas, problemas de suprimentos. Já em 2024, nós tomamos medidas para mitigar o impacto da estiagem. Desde as próprias indústrias adiantando encomendas até os portos da região, colocando a solução lá em Itacoatiara para transbordo, a logística de balsas para fazer o transbordo de navio. O Dnit e a Antaq também, com a dragagem e o regime de afretamento de navios”, disse.

Romero apontou a dragagem como uma boa ferramenta para melhorar a situação dos rios, mas lamentou que ela tenha chegado tarde demais. Segundo ele, a subida do nível das águas foi quem trouxe a solução para 2025, mas destacou que a dragagem em si garantiu com que os calados permaneçam fundos nos próximos anos.

“O que nós podemos concluir? Nós temos uma ideia de como deve ser a estiagem em 2025, mas longe de ter muita clareza. A expectativa é que seja menos severa que 2024, mas a prática não é o órgão para falar disso. Tem o pessoal que realmente é meteorológico, hidrográfico, que vai falar disso com todo o rigor. Nós percebemos que estamos mais preparados a cada ano para lidar com os eventos de estiagem severa na bacia amazônica”, acrescentou.

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