Aniversário > 355 anos

Cidadãos apontam o caminho para Manaus

A cidade que se tornou a metrópole da Amazônia ainda caminha para se tornar a cidade do futuro. Especialistas, na condição de cidadãos, apontam os caminhos para que a capital do Amazonas se torne um lugar melhor para se viver

Waldick Júnior
waldick@acritica.com
24/10/2024 às 08:10.
Atualizado em 24/10/2024 às 08:10

Manaós: O nome da cidade é uma homenagem ao povo Manaós, considerado pelo Iphan como o mais importante grupo étnico que habitou a região. 2,27 milhões de habitantes é a população de Manaus em 2024, conforme estimativa do IBGE (Foto: Michael Dantas/Secom)

Nos 355 anos de Manaus, celebrados nesta quinta-feira (23), e a três dias do segundo turno da eleição municipal, A CRÍTICA procurou ouvir sobre o caminho para a cidade do futuro de quem conhece a capital de perto: os diferentes profissionais, também cidadãos, que vivem aqui todos os dias.

Aliás, é pela população que o crescimento da cidade também pode ser observado. De acordo com o Censo IBGE 2022, Manaus foi a capital brasileira que mais viu o número de pessoas aumentar em 12 anos. Entre 2010 e 2022, saltou de 1,8 milhão de habitantes para 2,063 milhões. O número subiu em 2024, quando o instituto estimou uma população de 2,27 milhões de pessoas. 

Paralelamente, a a capital ainda tem um déficit habitacional estimado em mais de 120 mil residências, segundo a campanha Despejo Zero Manaus. O trânsito é considerado outro problema derivado do crescimento desordenado da cidade, assim como a desigualdade e falta de segurança. Além disso, Manaus precisa correr para se adaptar aos extremos climáticos, como cheias e secas severas.

“A cidade que temos hoje é o resultado das várias Manaus que foram sendo construídas ao longo do século XX e XXI. A nossa capital se tornou a maior metrópole da Amazônia brasileira, sexta maior aglomeração urbana do Brasil, mas ainda é uma cidade de contradições, de tensões, onde riqueza e extrema pobreza convivem, muitas vezes, muro a muro”, avalia o doutor em Geografia Humana e docente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcos Castro.

(Doutor em Geografia Humana, Marcos Castro)

Crescimento

 Ele diz que a capital cresceu e ganhou importância desde a Era da Borracha e se consolidou com a Zona Franca de Manaus. Ainda assim, tem o desafio de combater a pobreza urbana, a “favelização” e garantir o acesso à educação, saúde, aos bens e equipamentos urbanos básicos, como água, saneamento e transporte público.

“Somos uma cidade que pode substituir o cinza do asfalto e do concreto pelo verde. Nós não podemos ter o verde só no entorno da cidade. Nós temos que ter o verde dentro da cidade, construindo parques, bolevares, avenidas arborizadas, com ciclovias para os nossos ciclistas e com calçadas dignas para os nossos pedestres e com áreas de acesso, com ampla acessibilidade àquele segmento da população que tem algum tipo de restrição de mobilidade ou deficiência”, destaca.

Água

Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (CREA-AM), Alzira Miranda destaca que Manaus ocupa uma posição estratégica em nível global. Em meio à estiagem histórica, ela também ressalta que a preocupação com a escassez hídrica precisa estar na pauta.

“Ao projetarmos o futuro, é indispensável que tenhamos um planejamento cuidadoso, que contemple tanto o desenvolvimento de infraestrutura quanto a preservação de nossos recursos hídricos, especialmente em um cenário de crescente preocupação com a escassez de água”, defende.

(Presidente do Conselho de Engenharia, Alzira Miranda)

 Segundo dados do Painel do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, até 2022 Manaus tinha ao menos 10.584 pessoas sem acesso à água potável. Na região metropolitana, que inclui 13 municípios, o cenário era bem pior: 124.912 pessoas não tinham água potável.

Acessibilidade

De acordo com o IBGE, Manaus possuía 119 mil pessoas com deficiência até 2022, o equivalente a 5,3% da população. A psicóloga Kamila Borges chama a atenção para essa pauta, especialmente no que diz respeito às crianças com autismo, área na qual é especialista.

“Infelizmente, o número de profissionais qualificados e a disponibilidade de informações corretas não condizem com a crescente demanda da cidade. Neste dia tão importante, em que celebramos o aniversário de Manaus, é fundamental levantar a bandeira da conscientização sobre o autismo”, comenta.

(Psicologa Kamila Borges pede mais inclusão na cidade)

 Ela defende a inclusão como política pública para garantir que todas os autistas tenham as mesmas oportunidades de pessoas sem o espectro. Campanhas de conscientização, por exemplo, são uma importante ferramenta. “O diálogo aberto e informativo pode desmistificar o autismo e ajudar a sociedade a entender que cada indivíduo é único, com suas próprias habilidades e desafios”, diz.

Economia

Presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Antônio Silva afirma que Manaus tem tudo para se tornar um polo de referência em bioeconomia e inovação. Na economia, a cidade já tem o quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) do país. 

“Precisamos integrar inovação às nossas vocações regionais, transformando nosso bioma em negócios rentáveis. Somente através dessa integração conseguiremos gerar riqueza de forma sustentável e transformar a vida da população local por meio de emprego e renda”, defende.

(Presidente da Federação das Indústrias, Antônio Silva)

Comentário de Márcio Paixão, presidente do Corecon-AM: ‘Desafios ainda persistem’

 Os desafios ainda persistem. A necessidade de melhorar a infraestrutura urbana, a saúde e a educação é evidente, e as desigualdades sociais demandam atenção urgente. A administração pública, em parceria com a iniciativa privada e a sociedade civil, tem buscado soluções para esses problemas, promovendo ações que visem o bem-estar da população e a inclusão social.

Neste aniversário de 355 anos, Manaus reafirma seu compromisso com o desenvolvimento econômico sustentável, mantendo viva a essência de uma cidade que, apesar de suas dificuldades, continua a ser um símbolo de resistência, desenvolvimento e inovação.

(Presidente do Conselho de Economia, Márcio Paixão)

Presidente em exercício do CRM-AM, Amarildo Brito: ‘Que não faltem os remédios’

 Desejo que as Secretarias de Saúde Estadual e Municipal proporcionem a todos os pacientes um atendimento de excelência, que não haja falta de medicamentos tanto intra - hospitalar quanto nas farmácias às quais os pacientes retiram medicamentos receitados e que haja a diminuição no tempo de espera para a realização de cirurgias eletivas.

  

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