Manaus

‘Caso Fred’: Justiça condena a 33 anos e 11 meses casal responsável pela morte de Fred Fernandes

A vítima foi morta durante um atentado contra o veículo da família em junho de 2001. No automóvel, também estavam esposa e filho de Fred, que sobreviveram e foram ouvidos durante o julgamento

Joana Queiroz
28/11/2013 às 23:23.
Atualizado em 12/03/2022 às 07:23

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O conselho de sentença do 2º Tribunal do Júri de Manaus decidiu nesta quinta (28), por unanimidade, condenar o casal Waldemarino Damasceno e Terezinha Rocha a cumprir 33 anos e 11 meses de prisão, cada um, pelo assassinato do técnico agrícola Fred Fernandes da Silva e das tentativas de homicídio contra a mulher e o filho da vítima.

Os crimes aconteceram em junho de 2001. “A Justiça virou mais uma página do crime, que ficou conhecido como Caso Fred, porém não terminou porque ainda há outro processo em grau de recurso”, disse o juiz Anésio Pinheiro, que presidiu o julgamento ocorrido na manhã de ontem no o fórum Henoch Reis.

Waldemarino e Terezinha não compareceram ao julgamento. Eles alegaram doença e impossibilidade de estarem presentes, porém o magistrado decidiu julgá-los à revelia. A decisão impediu que o júri fosse adido pala quinta vez. A defesa recorreu da sentença, alegando que a decisão contraria as provas dos autos. O juiz concedeu o direito dos réus de aguardarem esse resultado da decisão em liberdade.

O depoimento do cabo PM Ademir Dutra, que chegou ao fórum por volta das 11h com o rosto protegido, foi decisivo para a condenação dos réus, segundo a acusação.  Ele foi interrogado por mais de uma hora e, por medidas de segurança, concordou falar com o plenário vazio. O juiz determinou que todos os que assistiam ao julgamento saíssem do plenário, ficando apenas jurados, defesa, promotor e os assistentes. As portas foram trancadas.

O promotor de Justiça Ednaldo Medeiros, que atuou no tribunal, disse que o militar revelou detalhes do planejamento do crime. Ele chegou a chorar durante o seu interrogatório. Segundo Dutra o destino de Fred Fernandes foi traçado em uma reunião realizada no quartel do Batalhão de Policiamento Especial, no conjunto D. Pedro II, Zona Centro-Sul, da qual participaram os hoje coronéis Aroldo Ribeiro e Raimundo Roosevelt da Conceição, o casal, um irmão de Terezinha e outros policiais militares. Dutra disse ter visto o casal chegando ao quartel para a reunião.

Segundo o militar, o casal pagou R$ 100 mil aos militares para que matassem Fred Fernandes. O crime foi motivado por vingança. Inicialmente o plano era para matar Fred Junior por ele ter assassinado a filha do casal, a universitária Daniely Damasceno. Como ele estava preso na cadeia pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, o casal encomendou a morte de um familiar, para que este sentisse a dor de perder alguém da família.

Viúva lembra morte do marido

O julgamento começou por volta das 9h com o interrogatório de testemunhas, entre elas a viúva do técnico agrícola, Maria da Conceição Fernandes, e do filho, Hélio Fernandes da Silva. Os dois relembraram o momento que aconteceu o crime. Conceição chegou a se emocionar dizendo que o crime mudou a vida da família.

Pontos

O advogado Luís Eduardo dos Santos Valois Coelho defendeu a tese de negativa de autoria. Segundo Valois, nos autos não há nenhuma prova de que o casal participou do crime e que a condenação dos réus foi baseada em depoimentos mentirosos.

O Ministério Público disse que as provas dos autos são robustas e contundentes e convenceram o conselho de sentença que decidiu pela condenação dos réus. O processo julgado tem 12 volumes, mais de cinco mil páginas e nove réus. Desses, seis foram condenados e três foram assassinados.

Em julho desse ano, os coroneis Aroldo Ribeiro e Rooselvet da Conceição, além do soldado Francisco Trindade Saraiva, foram pronunciados para serem julgados pelo Tribunal do Júri pela morte de Fred Fernandes.

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