O superintendente da Suframa diz garantir que a produção das empresas da Zona Franca de Manaus está em andamento. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, 17 mil trabalhadores devem ficar de férias coletivas a partir de 25 de outubro
(Foto: Divulgação/Suframa)
Em entrevista coletiva durante a Feira do Distrito Agropecuário da Zona Franca de Manaus (ZFM), o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, negou que as férias coletivas programadas em pelo menos 35 empresas do Polo Industrial ocorram pela falta de insumos devido à estiagem. O 'recesso' é comum no fim do ano, mas foram antecipadas por empresas devido à estiagem histórica que atinge o Amazonas.
O superintendente diz garantir que a produção das empresas da Zona Franca de Manaus está em andamento. “Nós temos 600 indústrias, então, as grandes indústrias estão funcionando normalmente.” pontua.
Em entrevista anterior ao A CRÍTICA, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), Valdemir Santana, já havia informado a negociação de adiantamento de férias coletivas, na tentativa de evitar demissões devido à falta de insumos nas empresas por causa da seca. A reportagem tentou novo contato com o sindicalista, mas não houve retorno.
De acordo com a entidade, a partir do próximo dia 25 de outubro, ao menos 35 empresas e indústrias do Polo Industrial de Manaus, como LG, Philco, Samsung e Yamaha, vão dar férias coletivas a mais de 17 mil trabalhadores.
Em nota, a Yamaha afirmou o impacto direto da estiagem na produção da fábrica. Além das férias coletivas, a companhia confirmou que fará "paradas programadas" na produção até o fim de outubro.
A Comissão de Logística do Centro da Indústria do Estado do Amazonas apontou que a seca já elevou entre 25% e 50% o custo de frete na região. Com a falta de entrega de insumos, acabou impactando principalmente a produção de celulares, notebooks, ar-condicionados e televisores.
Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva diz que uma "suposta negociação" entre os sindicatos de patronais e as empresas estaria sendo feita. Entretanto, ele ressalta que ainda aguardam a solução das discussões sobre "o problema que está aí", se referindo à seca.
Ao A CRÍTICA, o diretor industrial Flavio Fontanezi, da LEDSTAR, informou que a falta de insumos não foi sentida na empresa onde ele trabalha, entretanto, a busca por outras alternativas de transporte aumentou os custos de transporte devido à seca.
Por conta disso, o custo do material aumentou significativamente, além de acarretar o excesso de material que ainda se encontra preso no transporte fluvial.
“Tivemos que comprar R$ 172 mil em materiais que já haviam sido comprados, porém, estão travados no trânsito. Para trazer isso em frete aéreo nós iremos desembolsar em torno de R$ 120 mil” informa o diretor.
Por trabalharem com produtos de alta especificação, Flávio corre o risco de ficar muito tempo com o material parado, um risco para a companhia. O consumo deste excesso, segundo ele, demoraria de seis meses a um ano para ser utilizado, sem previsão de venda.