TRANSPORTE COLETIVO

Apontada como ‘solução’, extinção da função de cobrador de ônibus causa polêmica

Experiência de motorista cobrar passagem em coletivos trouxe muita discussão em Estados como Pará e Minas Gerais

Daniel Amorim
01/09/2019 às 14:07.
Atualizado em 11/03/2022 às 00:49

(Foto: Arquivo/AC)

Apontado como solução para o problema dos assaltos e medida para redução de custos, o plano de extinguir a função de cobrador de ônibus mobilizou a categoria dos rodoviários de Manaus no começo deste ano. Com ameaça de paralisação, a ideia acabou hibernando.

A Prefeitura de Manaus, por meio do setor de transportes urbanos do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) já afirmou que não há previsão da retirada de cobradores dos coletivos, nem qualquer estudo relacionado ao tema.

No entanto, cabe ao Executivo municipal autorizar a circulação dos ônibus sem cobradores para verificar a viabilidade do sistema, o que vinha ocorrendo recentemente aos domingos. “O objetivo é acabar com o uso do dinheiro em espécie em todo Brasil, de acordo com a Lei Federal nº 12587/2012 artigo 8º, inciso X, especificou o diretor jurídico do Sinetram, Fernando Borges.

Atualmente, as empresas dispõe de 3 mil trabalhadores na função. Parágrafo o sindicato, contudo, não informou o quanto as empresas poupariam com a medida. "na última planilha de custos que estabeleceu a tarifa de r$ 3,80 e que já está defasada, 60 centavos é para remunerar o cobrador".

Para verificar os supostos benefícios e problemas que o novo sistema poderia trazer, a reportagem de a crítica consultor representantes dos trabalhadores e de empresas das cidades de Belém e Belo Horizonte.

Um levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), atualizado em abril deste ano, aponta que 26 cidades brasileiras eliminaram parcialmente a figura do cobrador e 25 eliminaram totalmente.

Outras cinco extinguiram a função e o pagamento da passagem em dinheiro; essa modalidade permanece ativa na maioria de ambos os casos, totalizando 20 cidades. Por enquanto, os postos continuam em 45 municípios

Em Belo Horizonte, ao contrário do que informa a planilha da NTU, a remoção dos cobradores não ocorreu totalmente, restrita ao período das 18 horas às 5:59 e a municípios da região metropolitana, como Betim.

BRT e Abandonos

Com a implantação do sistema Bus Rapid Transit (BRT), foi adotada a cobrança por motoristas que circulam na pista exclusiva. Por outro lado, esse movimento foi intensificado em janeiro informou o assessor de comunicação do sindicato dos trabalhadores em rodoviários de Belo Horizonte e região, Luciano Gonçalves.

A iniciativa gerou críticas por parte da população, já que as viagens ficaram mais longas e os condutores, mais estressados. "Há relatos de motoristas que abandonaram os veículos durante o percurso" e, diz o assessor. "Eles têm de pegar o dinheiro e ajudar os passageiros com deficiência", acrescenta.

A medida se tornou o foco de uma discussão política entre o sindicato patronal e a prefeitura. Enquanto o primeiro alega que já aplicou R$ 10 mil por dia com multas as empresas que circulam sem cobradores (o que nem sempre é respeitado) o prefeito Alexandre Kalil por sua vez, exige a permanência da função nos coletivos.

Apesar das dificuldades, Gonçalves afirma que, devido à crise, a grandes obstáculos a mobilização.

"O trabalhador tem receio de parar e aderir ao movimento grevista e o governo é condescendente com problema" analisa o sindicalista mineiro.

Até o fechamento desta edição o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte não respondeu aos questionamentos sobre o funcionamento da bilhetagem eletrônica.

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