EUA x China

TikTok corta acesso de seus usuários nos EUA, mas aguarda por solução de Trump

Aplicativo saiu do ar neste domingo pouco antes de uma lei, validada pela Suprema Corte norte-americana, entrar em vigor

AFP
19/01/2025 às 10:42.
Atualizado em 19/01/2025 às 10:42

O comediante online Zach Sage realiza um falso funeral para TikTok, incentivando os frequentadores do parque a se despedirem em 17 de janeiro de 2025 na cidade de Nova York. (Foto: AFP)

O TikTok cortou o acesso de seus usuários nos Estados Unidos na noite de sábado (18), pouco antes de uma lei que o proíbe entrar em vigor, mas espera que o presidente eleito, Donald Trump, intervenha após sua posse na segunda-feira para encontrar "uma solução". 

"Uma lei que proíbe o TikTok foi aplicada nos Estados Unidos. Isso significa que você não pode mais usar o TikTok neste momento", avisa uma mensagem ao tentar se conectar à popular plataforma de vídeos curtos. 

"Temos sorte que o presidente Trump indicou que trabalhará conosco em uma solução para restaurar o TikTok quando assumir o cargo", acrescentou a mensagem. "Por favor, fiquem ligados!".

O TikTok se tornou popular por sua capacidade de transformar usuários comuns em celebridades globais quando um vídeo se torna viral.

Após meses de batalha judicial, a Suprema Corte dos EUA confirmou por unanimidade na sexta-feira a legislação que proíbe a rede social a partir de domingo se seus proprietários chineses não a colocarem à venda até essa data. 

O tribunal superior decidiu que a lei não infringe o direito à liberdade de expressão e que o governo dos EUA demonstrou que suas preocupações sobre a propriedade chinesa da plataforma são legítimas.

"Não há dúvida de que, para mais de 170 milhões de americanos, o TikTok oferece um importante meio de expressão", disseram os juízes. "Mas o Congresso determinou que a cessão (da propriedade) é necessária para abordar suas preocupações bem fundamentadas de segurança nacional em relação às práticas de coleta de dados do TikTok e sua relação com um adversário estrangeiro".

A medida manteve a data efetiva da proibição da rede social em 19 de janeiro, embora legisladores e autoridades de todo o espectro político tenham pedido algum tipo de adiamento. 

A lei em questão foi concebida como uma resposta à crença generalizada em Washington de que o TikTok está sendo usado pela China para fins de espionagem ou propaganda.

Nas mãos de Trump 

O destino do TikTok depende, em boa parte, do futuro presidente Donald Trump.

Funcionários do governo de Joe Biden, em fim de mandato, afirmaram na sexta-feira que deixarão a aplicação da lei nas mãos de Trump, que tomará posse do cargo na segunda-feira.

Neste sábado, Trump declarou que analisará cuidadosamente a questão a partir de segunda-feira e que uma "suspensão de 90 dias" será "provavelmente decretada" esse dia.

Em 2020, Trump tentou proibir o TikTok, mas agora se mostra favorável à continuidade do funcionamento do aplicativo nos Estados Unidos.

O republicano discutiu sobre esse tema com o presidente chinês, Xi Jinping, em uma conversa telefônica na sexta-feira.

O CEO da rede social, Shou Chew, agradeceu a Trump por seu "compromisso em trabalhar" em conjunto para "encontrar uma solução". A rede social tem realizado um intenso lobby para evitar a aplicação da norma, incluindo a anunciada participação de Chew na posse do republicano.

Antecedentes 

Em abril, congressistas republicanos e democratas aprovaram uma lei destinada a impedir que as autoridades chinesas acessem dados de usuários de redes sociais nos Estados Unidos ou tentem manipular a opinião pública.

O Departamento de Justiça, que seria responsável por aplicar a lei, disse em um comunicado que sua implementação "será um processo que se desenvolverá ao longo do tempo", em um aparente sinal de apoio a um adiamento.

O texto teoricamente exige que os provedores de acesso à Internet e de armazenamento de dados, assim como as lojas de aplicativos, bloqueiem downloads e atualizações do aplicativo chinês a partir da meia-noite de sábado para domingo.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, chamou as últimas declarações do TikTok de "manobra". "Não vemos razão para o TikTok e outras empresas agirem antes que o governo Trump tome posse na segunda-feira", disse. 

Além do TikTok, todos os aplicativos da ByteDance nos Estados Unidos foram apagados, incluindo outra rede social chamada Lemon8, para a qual vários "TikTokers" migraram.

Alternativas chinesas 

A lei prevê um prazo de 90 dias se a Casa Branca puder mostrar que está caminhando para um acordo viável, mas a ByteDance, empresa matriz do TikTok, e Pequim rejeitaram categoricamente uma venda até agora. Vários investidores americanos estão interessados no aplicativo.

O empreendedor Frank McCourt está disposto a investir US$ 20 bilhões (R$ 121 bilhões) com outros parceiros pelas atividades do aplicativo nos Estados Unidos, sem seu poderoso algoritmo.

Já a startup de inteligência artificial (IA) Perplexity AI apresentou uma proposta à ByteDance para se fundir com a filial americana do TikTok, segundo informou uma fonte próxima ao caso à AFP, confirmando um relatório da rede CNBC.

Embora a proposta da Perplexity AI não mencione um valor específico para o TikTok, a fonte destacou: "Não consigo imaginar um acordo por menos de 50 bilhões de dólares" (R$ 300 bilhões).

Enquanto isso, na plataforma, diversos criadores de conteúdo americanos publicaram vídeos relembrando seus momentos favoritos dos últimos anos e compartilhando mensagens de despedida. Muitos incentivaram seus seguidores a acompanhá-los em outras plataformas, incluindo algumas chinesas, como a RedNote.

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