À margem da rodovia Manuel Urbano, no km 12, em Iranduba, estrada de barro batido é tomado pela lama e por buracos
Ao longo de seus 12 quilômetros de extensão, o ramal da comunidade Jandira é tomado pela lama e buracos (Foto: Jeiza Russo)
A vida dos moradores da comunidade Jandira, no km 12 da rodovia AM-070, na zona rural de Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus), tem sido de dificuldades independente do período do ano. E um dos principais problemas relatados por eles é a estrada que dá acesso à comunidade, sendo uma via não asfaltada, que em dias de sol se destaca pela quantidade de buracos e em dias de chuva se torna praticamente intrafegável por conta da lama e do barro.
A reportagem de A CRÍTICA esteve na comunidade e pode constatar: ao longo de seus 12 quilômetros de extensão, o ramal possui vários problemas, incluindo denúncias de um quase abandono do poder público municipal.
No dia da visita à comunidade, fazia cinco dias que não chovia na área, o que possibilitou a chegada até o local por vias terrestres. No entanto, em vários pontos ainda era possível encontrar áreas tomadas pela lama e pelo barro, resultados das chuvas anteriores e que ainda prejudicava o tráfego de pedestres por ali.
Oito décadas na lama
Esse é o caso do senhor Belquior Ribeiro, um aposentado de 86 anos que viveu todo esse período no mesmo local. Em conversa com a reportagem, ele relatou um pouco dos problemas passados por ele e demais moradores da área, afirmando que já estava até acostumado a ter que andar no meio da lama para poder conseguir chegar ao seu destino. O idoso também afirma que os serviços de infraestrutura realizados em Jandira sempre se mostraram insuficientes.
Belquior Ribeiro, 86, mora a vida toda na comunidade Jandira e sofre com os problemas do ramal (Foto: Jeiza Russo)
“Eles [Prefeitura de Iranduba] vem aqui de vez em quando, mas só chegam aqui e ‘raspam’, mais nada. Última vez que vieram aqui tem um tempo, e a gente já tá precisando de novo, porque tá muito ruim”, continua o idoso.
As péssimas condições do ramal também têm prejudicado os estudantes da comunidade, alocados na Escola Professora Mária Elitia Cavalcante, que atualmente atende a 96 estudantes do ensino fundamental. De acordo com a Gestora do Educandário, a professora Antônia Regina, os estudantes já são muito prejudicados por conta do período de cheia do Rio Solimões - que ocorre a partir de junho – e acabam sendo também afetados pela falta de infraestrutura do ramal, impossibilitando que muitos deles possam ir para a escola em dias de chuva na comunidade.
“Aqui os estudantes precisam vir de ônibus para a escola, por causa da distância. A gente possui duas rotas, e uma dá pra fazer mesmo em dias quem chove, mas a outra não tem como, porque o acesso é muito ruim e o ônibus não consegue passar quando chove. Ai nesses dias, os estudantes têm que ficar de maneira remota mesmo, assim como quando a gente tá na cheia. Por exemplo, se chover essa noite, eu não tenho certeza de que vai ter aluno aqui amanhã, até porque a gente tem um acordo com os pais que se chover muito a gente os deixa em casa por a estrada fica muito ruim, e corre o risco de o ônibus atolar e a gente não ter como devolver as crianças para casa, isso se não acontecer uma coisa pior. Toda chuva é um transtorno para a gente, tanto que um dia de sol como esse é um alívio para a gente”, relata a gestora.
Outro grupo que acaba sendo muito afetado pelas péssimas condições da estrada é o dos produtores rurais, já que naquela área são cultivados vários produtos, como maracujá, banana, etc. Segundo os moradores da comunidade, um dos principais pontos que tornam o ramal intrafegável em dias de chuva é um igarapé que fica ao lodo da via e que transborda sempre que chove, o que acaba isolando parte dos moradores.
Para a senhora Ester Ferreira, de 77 anos, sempre que a situação no local se torna quase que extrema, uma equipe da Prefeitura de Iranduba vai até o local para tentar impedir que o igarapé transborde. No entanto, ainda segundo ela, todos os serviços realizados ali de pouco adiantam, tendo em vista que os mesmos problemas acabam ocorrendo.
Ester Ferreira disse que nenhum serviço realizado pela prefeitura foi eficiente (Foto: Jeiza Russo)