A perita odontolegista Gisleine Medrado está concorrendo ao IV Concurso FotoForense, que premia registros feitos durante trabalhos de perícia em todo o Brasil
Foto de candiru saindo de cadáver retirado das águas do rio Negro (Foto: Gisleine Medrado)
Uma imagem capturada pela perita odontolegista Gisleine Medrado, do Instituto Médico Legal (IML) do Amazonas, está concorrendo ao IV Concurso FotoForense, que premia registros feitos durante trabalhos de perícia em todo o Brasil. A fotografia mostra um candiru, peixe conhecido na região, alojado em um cadáver encontrado nas águas do rio Negro, em Manaus.
A imagem revela a interação brutal da fauna aquática com os cadáveres encontrados nos rios da região, mostrando como essa interação também pode impactar o trabalho pericial. Gisleine destaca que o candiru se tornou quase uma lenda amazônica, mas a imagem capturada por ela mostra a realidade desse pequeno peixe em ação.
“O candiru geralmente ataca em cardumes para se alimentar do corpo, perfurando a pele e devorando os tecidos", explica a perita.
Perita odontolegista Gisleine Medrado, do Instituto Médico Legal (IML) (Foto: Divulgação)
“O cadáver da foto tinha muitos exemplares de candiru, e essa foi uma cena que me impactou bastante. Não é algo que vemos o tempo todo”, disse a perita em entrevista ao A Crítica.
Na imagem, o candiru está alojado no membro inferior de um cadáver, mostrando, além da interação com a fauna aquática, a riqueza da biodiversidade amazônica, que, em alguns aspectos, ainda é pouco conhecida. Segundo Gisleine, a cena registrada é incomum, até mesmo para a região amazônica, e reflete a atuação peculiar dos peritos do Amazonas.
“Muitas vezes, as pessoas caem no rio ou morrem afogadas, e seus corpos sofrem a ação de animais aquáticos. Isso prejudica o trabalho pericial, principalmente na identificação”, destacou.
A perita explica ainda que a odontologia forense é frequentemente solicitada quando as impressões digitais de um cadáver estão comprometidas, o que é comum em casos de corpos submersos nos rios. Daí a importância da odontologia no trabalho pericial nesses casos, porque, segundo ela, é um método mais rápido e de menor custo comparado com a identificação por DNA.
"Quando as impressões digitais não estão mais presentes, nós entramos em ação para tentar identificar a pessoa através da arcada dentária", afirma Gisleine.
O concurso
O IV Concurso FotoForense é realizado pelo Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas (SINPOEAM), em parceria com a Associação Brasileira de Criminalística (ABC) e o XXVII Congresso Nacional de Criminalística (CNC). O objetivo é incentivar a criatividade e a difusão da produção fotográfica realizada por peritos oficiais de todo o Brasil. Além de peritos, trabalhadores da imprensa também podem participar do concurso.
Para concorrer aos prêmios, as fotografias devem retratar o trabalho da Perícia Oficial, seja nas perícias internas ou nas perícias externas. As fotografias serão julgadas de três formas: pelo voto popular no Instagram, através de curtidas nas fotos; pelo voto popular no XXVII CNC, através do voto em cédula dos congressistas; e pelo Júri Técnico, através de avaliação de critérios técnicos pelos jurados.
As cinco fotos ganhadoras serão conhecidas e premiadas na Cerimônia de Encerramento do XXVII CNC, no dia 13 de setembro.