Em 2023 foram 3.160 mulheres atendidas pela instituição
(Nilton Ricardo)
A Defensoria Pública do Estado (DPE) vai ampliar os atendimentos do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem). A sede da instituição multifuncional foi inaugurada na manhã desta segunda-feira (25) e conta com seis salas para atendimento jurídico, psicológico e social.
Em 2023, o Nudem atendeu 3.160 mulheres. Com o novo espaço, a expectativa é que os atendimentos cresçam.
“Estamos muito felizes porque nós podemos aqui realizar um atendimento não apenas jurídico, mas temos um novo protocolo, onde todas as mulheres que chegarem terão atendimento com assistentes sociais, com psicólogas, para que a gente possa entender, de fato, o que essa mulher precisa, como ela precisa entender se está em um ciclo de violência e, se ela estiver, como pode sair”, disse a coordenadora do Nudem, Carol Carvalho.
Carol Carvalho , Coordenadora do Nudem (Nilton Ricardo)
Carvalho ressaltou que, com essa inauguração, as mulheres poderão realizar seus atendimentos presencialmente, além do número 129 ou pelo WhatsApp da DPE. O horário de funcionamento da instituição será de segunda a sexta, das 8h às 14h.
“Inauguramos esse espaço amplo, ampliamos nossa equipe e desenvolvemos o protocolo de atendimento qualificado para as necessidades dessas mulheres.”
A coordenadora explicou que a sede do Nudem prestará um serviço social, familiar e psicológico às famílias afetadas por violência ou em situações de vulnerabilidade social.
“A gente tem um atendimento voltado para o direito das famílias, se ela precisa de alimento, se ela precisa de um divórcio, de um reconhecimento ou uma solução de união estável, ou então solicitar medida protetiva, uma prorrogação de medida protetiva e ainda o acompanhamento também nos juizados da Maria da Penha”, afirmou Carol Carvalho.
A defensora da mulher, Carol Braz, ressaltou que a inauguração do prédio vai contribuir no combate à violência contra a mulher, por ser um ponto de referência onde poderão buscar ajuda, além das forças policiais.
“Hoje, elas podem vir até o Nudem para serem atendidas. Nós atuamos tanto na área cível, na área de família e na área criminal. Ou seja, se essa mulher precisa de uma medida protetiva, ela pode vir direto até a Defensoria, mesmo sem passar pela delegacia. Essas mulheres que estão em estado de violência aqui podem resolver a questão da pensão alimentícia, do divórcio, da indenização por danos materiais e também todo o processo criminal”, disse.
O defensor-geral da DPE, Rafael Barbosa, afirmou que o trabalho para garantir os direitos das mulheres foi um processo longo, mas que a estrutura física é um avanço significativo.
Rafael Barbosa, defensor Geral da DPE (Nilton Ricardo)
“Com uma estrutura adequada, com ar-condicionado, com espera, com espaço, que dê à mulher essa possibilidade para se fortalecer e denunciar todas as agressões, todos os maus-tratos que eventualmente ela possa estar sofrendo nas suas residências ou em qualquer outro lugar. Então, um ambiente como esse, voltado exclusivamente para a defesa da mulher, é a razão de ser da Defensoria Pública”, ressaltou.
O defensor-geral informou que há uma expectativa de que os atendimentos aumentem, já que antes funcionavam, mas sem esse espaço de referência.
“A gente já tem esse atendimento acontecendo, mas ainda sem essa estrutura física. A gente imagina que ele vai ampliar, porque, com essa ideia de espaço próprio, voltado para a mulher, vai encorajar cada vez mais as mulheres amazonenses a se dirigir até aqui, pegar algum tipo de atendimento, de instrução”, disse Barbosa.
Em seu discurso, Rafael Barbosa agradeceu nominalmente a todos os envolvidos e destacou a participação da procuradora da Mulher na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Alessandra Campelo, na luta contra a violência doméstica. Barbosa ressaltou que a procuradora implementou uma extensão do Nudem dentro da Procuradoria da Mulher, onde muitas vítimas procuram para receber o primeiro atendimento.
Campelo informou, durante discurso, que irá destinar emendas ao Nudem e que lutar pelos direitos das mulheres é uma luta pessoal, e acredita que esses avanços serão significativos na redução da violência.
Alessandra Campêlo, Deputada Estadual (Nilton Ricardo)
“Minha mãe sofreu várias tentativas de feminicídio, minha mãe é uma sobrevivente. Eu e meus irmãos também somos, muitas vezes, como nós tínhamos um pai alcoólatra e muito violento. Eu costumo dizer que eu signifiquei tudo o que eu vivi, tentando ser para as mulheres, onde eu estiver, a pessoa que faltou para minha casa”, disse a deputada.
Alessandra Campelo destacou que a inauguração do espaço representa um local de acolhimento e segurança para mulheres, mães e crianças que passam por situações de violência.
“Então, quando a gente vê um lugar desses sendo inaugurado, a gente entende que está fazendo alguma coisa diante de uma tragédia mundial, porque, a cada 10 minutos, uma mulher é assassinada por seu parceiro.”
A deputada também ressaltou que é preciso, além da assistência jurídica, assistência social para mudar os costumes machistas que vitimam mulheres no mundo todo.
“Esse problema precisa ser combatido de várias formas. Aqui, a gente já pega casos concretos, mas a Defensoria também faz um trabalho, assim como o Ministério Público e a Procuradoria da Mulher, e temos feito o papel de reeducar. A gente tenta também mudar essa cultura, tentar mudar essa nova geração.”