O nível do rio está 72 centímetros abaixo do mesmo período do ano passado. Chuvas irregulares estão entre os motivos para a queda
Rio Solimões: nível registrou queda de 17 cm em um único dia, reflexo de chuvas abaixo da média nas principais bacias formadoras (Foto: Arquivo/AC)
O nível do rio Solimões registrou queda pelo quarto dia consecutivo em Tabatinga, município a 1.105 quilômetros de Manaus. De acordo com o boletim do Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre da Universidade do Estado do Amazonas (LabClim/UEA), divulgado nesta segunda-feira (20), o nível do rio na região baixou 17 centímetros em apenas um dia.
O doutor em meteorologia e pesquisador do LabClim/UEA, Leonardo Vergasta, explica que essa redução é consequência de chuvas abaixo da média nas principais bacias formadoras do rio Solimões – Ucayali, Marañón e Napo –, localizadas principalmente no Peru. Ele também apontou outros fatores climáticos que influenciam a situação.
Apesar da retomada das chuvas em novembro, os volumes seguem abaixo da média em áreas estratégicas, como o Alto Solimões. Nesta segunda-feira, a cota do rio Solimões era de 8,64 metros. No mesmo período de 2024, o nível registrado foi de 9,36 metros, marcando uma diferença de 72 centímetros.
La Niña
Vergasta também destacou a influência do fenômeno La Niña, confirmado em janeiro pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). Ele ressaltou que os efeitos do fenômeno ainda estão em fase de transição entre os oceanos e a atmosfera e só deverão ser sentidos nas próximas semanas.
“Agora, no dia 9 de janeiro, a NOAA, que é a administração de oceanografia e meteorologia dos Estados Unidos, decretou a chegada do La Niña. Então, há ainda um ‘delay’ no qual existe um período para que haja esse acoplamento oceano-atmosfera. A gente só deve começar a sentir os reflexos do La Niña, que será de pouca intensidade e curta duração. Ele deve continuar predominando até o final de março, início de abril, que é a expectativa para seu término”, afirmou.
Apesar das quedas pontuais no nível do rio, o especialista enfatizou que as chuvas devem ficar acima da média nas bacias que formam o Solimões a partir de fevereiro, o que contribuirá para a elevação gradual dos níveis dos rios no estado. O processo de subida dos rios, especialmente no Solimões/Amazonas, deve seguir um comportamento normal.