Autoridades têm dez dias para explicar problemas na prestação de serviços como horário de travessia de balsas, superlotação e falta de condições de higiene
De acordo com as denúncias, caminhoneiros têm dificuldades de cumprir cronogramas devido à longa espera para a travessia e sem condições básicas de higiene e alimentação (Divulgação)
O Ministério Público Federal (MPF) solicitou na última sexta-feira (18) esclarecimentos a diversos órgãos públicos sobre os serviços de transporte prestados aos cidadãos que realizam a travessia de ida e volta do Porto da Ceasa, em Manaus, até Careiro da Várzea (AM). Segundo denúncia feita ao MPF, as balsas que realizam o cruzamento não respeitam os horários estabelecidos, nem observam os limites de capacidade, o que gera superlotação de veículos e passageiros no local. O prazo para as explicações é de dez dias.
Na denúncia, foi alegado que tanto a Marinha do Brasil quanto a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) não fiscalizariam de forma adequada a regularidade, segurança e qualidade dos serviços de transporte.
Outro ponto de inconformidade diz respeito à ausência de um local com estruturas sanitárias adequadas para que os usuários dos serviços possam aguardar a travessia com o mínimo de conforto, higiene e acesso à alimentação.
Além da Antaq e da Marinha do Brasil, o MPF pede respostas de autoridades da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Secretaria Nacional de Portos e Hidrovias (SNPH). Cada órgão deve fornecer informações conforme as suas atribuições.
Nos requerimentos, o Procurador da República Thiago Coelho Sacchetto, ressaltou que, nos termos da Lei nº 13.460/2017, o usuário tem direito à adequada prestação dos serviços, devendo os agentes e prestadores de serviços públicos observar diversas diretrizes como: respeito, acessibilidade; atendimento por ordem de chegada e prioridade aos casos urgentes e grupos prioritários; cumprimento de prazos e normas procedimentais; observância de horários e normas compatíveis com o bom atendimento; adoção de medidas visando a proteção à saúde e a segurança dos usuários; e adequada manutenção das instalações e equipamentos, entre outras.
As denúncias vêm no momento em que o intenso fluxo de carretas e a insuficiência de balsas para a travessia de veículos na BR-319, no Amazonas, têm ocasionado filas e transtornos ao trânsito e à rotina da população local.
De acordo com relatos da sociedade civil, a falta de planejamento adequado do serviço de transporte afeta a logística de mercadorias e o abastecimento de diversas localidades, o que causa prejuízos econômicos para as transportadoras e para os motoristas, que relatam longas esperas e dificuldades em cumprir seus cronogramas, fazendo com que caminhoneiros cheguem a levar até cinco dias para realizar a travessia, permanecendo nas filas sem condições básicas de higiene, sem alimentação adequada e sem acesso a banheiros.
A partir de cooperação interinstitucional, também foi solicitado ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) informações sobre o procedimento administrativo, instaurado pela Promotoria de Justiça da Comarca de Careiro da Várzea, que apura os problemas relacionados à travessia de veículos na BR-319.