conflito agrário

Moradores de Lábrea denunciam ser alvos de ameaças e homicídios por conta de briga por terras

De acordo com o líder comunitário Paulo Sérgio Araújo, na região tem ocorrido intensos tiroteios e casos de violência no campo

Thiago Monteiro
02/02/2025 às 18:07.
Atualizado em 02/02/2025 às 18:07

Moradores de comunidade em Lábrea são vítimas de ameaça, tortura e até assassinatos (Foto: Divulgação)

Torturas, ameaças, tentativas de assassinatos e homicídios foram alguns dos crimes registrados nos últimos dez anos dentro da comunidade Marielle Franco, no município Lábrea (distante a 854 quilômetros de Manaus), no Sul do Amazonas. O local é palco de um conflito agrário desde 2015, no Sul do Amazonas.

De acordo com o líder comunitário Paulo Sérgio Araújo, na região tem ocorrido intensos tiroteios e casos de violência no campo.

"Vários casos de tortura foram registrados e que até hoje a polícia não deu resultado para sociedade do que está acontecendo na comunidade. Moradores da comunidade também já foram feridos a tiros", disse Paulo Araújo.

Segundo ele, em dezembro e início deste mês, coletores de castanha foram ameaçados, cercados na região e atacados por capangas de um fazendeiro da localidade.

Homicídios

Na última quarta-feira (29), o trabalhador rural José Jacó, 25, conhecido como "Jacózinho" foi encontrado morto na comunidade com tiros no queixo e abdômen. Comunitários acreditam que o jovem morreu em mais um conflito agrário da área.

De acordo com testemunhas, antes deste assassinato acontecer uma caminhonte, de cor branca, com supostos funcionários do Governo Federal passou no local com o objetivo de coletar nomes dos moradores da comunidade.

Outro caso neste ano foi registrado no dia 16 de janeiro, onde o trabalhador rural, Francisco do Nascimento, conhecido como "Cafu" foi assassinado no ramal 37, em Boca do Acre, município vizinho de Lábrea. Trabalhadores também acreditam que o caso está relacionado à problemas do campo e que um fazendeiro matou o homem do campo.

Os crimes são investigados pelas Delegacias Interativas de Polícia (DIP) de Lábrea e Boca do Acre.

Pastoral da Terra

O padre Manuel do Carmo da Silva Campo, membro da Comissão   Pastoral da Terra (CPT) vem acompanhando essa problemática no Sul do Amazonas e afirma que os casos de violência  preocupam as entidades. "Esses crimes, essas agressões nos demonstram um alerta que a terra pertence aos moradores da comunidade Marielle Franco. Os proprietários da fazenda Palotina barganham por ela, mas  as terras são da União", explica.

Moradores da comunidade Marielle Franco, no município Lábrea (Foto: Divulgação)


Moradores da comunidade Marielle Franco, no município Lábrea (Foto: Divulgação)

Manuel do Carmo reitera as informações que os conflitos ocorrem desde 2015 na região, principalmente, com casos de agressão, tortura e assassinatos.

"No início do ano passado teve um conflito terrível por lá, onde um trabalhador rural foi esfaqueado. No início de dezembro a Polícia Federal esteve no local para amenizar os conflitos e estamos acompanhando o caso", conta o coordenador da Pastoral da Terra, que ressaltou que o Ministério Público e Justiça do Amazonas também acompanham os casos no Sul do Amazonas.

Dados

Segundo dados do relatório Conflitos no Campo Brasil 2023, ao todo, foram registrados 200 conflitos, em 32 municípios. No caso dos assassinatos, das 31 mortes por conflito de terra no país, 8 foram região que abrange a divisa entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia, sendo 5 vítimas sem terra e 3 posseiros. Cinco das mortes foram causadas por grileiros.

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