EXPECTATIVA

Ministra diz que um tratado de pesquisa e inovação entre países do G20 será assinado hoje em Manaus

Luciana Santos, titular da pasta de Ciência e Tecnologia do governo Lula, está em reunião ministerial sobre as florestas tropicais e desenvolvimento sustentável

Emile de Souza
online@acritica.com
19/09/2024 às 14:51.
Atualizado em 19/09/2024 às 14:51

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Barbosa de Oliveira Santos (Foto: Emile de Souza/A CRÍTICA)

A ministra da Ciência e tecnologia, Luciana Santos, afirmou que um tratado de pesquisa e inovação, com foco no desenvolvimento sustentável, será assinado na tarde desta quinta-feira (19) entre os 20 países que compõem o G20. O governador do Amazonas, Wilson Lima, está presente nos debates deste último dia da Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho de Pesquisa e Inovação do G20, que está acontecendo no Vasco Vasques, em Manaus. 

Luciana Santos ressaltou que os encontros do G20 devem se encerrar com entregas em: uma estratégia de cooperação e inovação aberta; recomendações sobre diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade; parceria para pesquisa e inovação na Amazônia e florestas tropicais; facilitação para catalogação de espécies; transação da base de dados; recomendações para aliança, produção e inovação local e regional na área de saúde.

“Algumas delegações têm dito que só os brasileiros mesmo para poder construir uma convergência na divergência. Então, acho que vamos ser o grande salto. Desde já, é que nós vamos ter um documento que muitas vezes nem consegue ser um documento comum. Isso possui uma grande conquista dessa construção, de poder construir, na divergência, opiniões comuns. E esse é um grande resultado que nós podemos anunciar desde já”, afirmou a ministra.

A Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho de Pesquisa e Inovação do G20 está acontecendo no Vasco Vasques, em Manaus (Foto: Emile de Souza/A CRÍTICA)

Santos também pontuou que a realização das reuniões acontece em um momento em que o Brasil é um dos focos das mudanças climáticas.

“Esses eventos ocorrem no momento em que o Brasil vive um drama climático, que são as queimadas. Junto, o país revela que soluções para isso passam necessariamente por diagnóstico através das evidências científicas e pela atitude proativa que o presidente Lula está tendo, na medida em que paralisou muitas das atividades para se concentrar numa atuação de controle e monitoramento, constituindo toda nossa capacidade instalada para conter os incêndios e até a Polícia Federal, nos casos em que há crime”, disse a ministra.

A ministra ressaltou que, além dos acordos, o Governo Federal investiu mais em ciência e tecnologias do que nos últimos quatro anos do Governo Bolsonaro.

“Estamos aumentando o investimento em pesquisas e o desenvolvimento de inovação com o descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, uma decisão tomada pelo presidente desde o primeiro trimestre do ano passado, em que o Congresso Nacional aprovou o PLN de abertura de crédito suplementar para que a gente tivesse a recomposição do fundo”, afirmou Luciana. 

Santos afirmou que está investindo em energias renováveis e saúde, programas da Nova Indústria Brasil (NIB), bioeconomia e saneamento. Ela também destacou a importância dos encontros para construir novas ações e políticas públicas.

“O G20 é essencial para definir ações globais em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, abordando desafios como descarbonização, produção de vacinas e tecnologias emergentes, como inteligência artificial, que é uma ferramenta tecnológica que perpassa todos os desafios, seja na indústria, seja no clima, seja na saúde, porque ela é uma ferramenta muito proposta e, afinal, ela tem o pressuposto de armazenar e cruzar dados para a tomada de decisões por parte dos órgãos públicos e privados”, ressaltou a ministra.

Sem os acordos e medidas para o desenvolvimento de países emergentes, a ministra disse que a tendência é aumentar as desigualdades já existentes.

“O modelo atual pode aumentar desigualdades e dificultar o avanço dos países em desenvolvimento tardio. É nesse contexto que propusemos para nosso grupo de trabalho que pesquisa e inovação sejam temas”, disse.

(Foto: Emile de Souza/A CRÍTICA)

 São cinco as prioridades colocadas pelo MCTI: inovação aberta para fortalecer a cooperação internacional, tecnologia e inovação; inovação aberta para reduzir emissões e alcançar a oportunidade de carbono com foco em transições energéticas justas e economia sustentável; inovação aberta para promover a saúde global; pesquisa e inovação aberta para garantir a sustentabilidade da Amazônia e outras florestas; promover diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade em ciência e tecnologia.

Após o discurso, a ministra foi questionada em coletiva de imprensa se houve negligência quanto aos dados obtidos por monitoramentos de satélites que mapeavam o aumento das queimadas desde o início do ano e os dados emitidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Luciana Santos negou que os alertas tenham sido ignorados.

“A questão que aconteceu nas queimadas não houve negligência, porque elas foram muito rápidas. As medidas de ação e controle eram insuficientes para controlar a velocidade. Em algumas poucas horas, nós tivemos 2.600 focos de incêndio em um determinado território. Isso foi se multiplicando em uma escala inimaginável. Então, foi a velocidade com que a identificação dos focos ocorreu e como ela foi se dando”, explicou a ministra.

Também durante coletiva de imprensa, o governador do Amazonas, Wilson Lima, foi questionado sobre a importância do evento para o estado, Lima criticou a situação em que se encontra o Amazonas em relação à tecnologia: “a gente vive outra realidade”.

“Esse evento aqui é muito importante, porque nós estamos reunindo representantes técnicos dos 20 países que fazem parte desse grupo, para que possamos avançar no sentido de colocar todo mundo na mesma página. Porque, como já falei, a impressão que eu tenho é que a agenda ambiental do mundo é diferente da agenda ambiental da Amazônia”, disse o governador.

O governador Wilson Lima também esteve presente noi evento (Foto: Emile de Souza/A CRÍTICA)

Lima apontou que, enquanto o mundo debate novas tecnologias, o Amazonas tenta acessar tecnologias antigas, como o acesso à água, tecnologias de plantio, transporte e saneamento.

“Às vezes, o mundo passa a discutir questões que são altamente complexas e estão muito longe da nossa realidade”, afirmou o governador.

Wilson Lima ressaltou que, entre as tecnologias básicas para o período de estiagem, estão a montagem de microssistemas de abastecimento de água, balizamento e sinalização dos rios, e tecnologia de plantio.

“A maioria dos casos de crimes ambientais de desmatamento e de queimadas está voltada para a atividade econômica. Então, no momento em que o pequeno produtor pode, por exemplo, fazer um trabalho de mecanização, um trabalho de refrigeração do seu solo de forma mais efetiva, ele já vai abrir mão do fogo, porque pode otimizar a produção sem ter que abrir novas áreas”, disse o governador.

O governador também foi questionado sobre uma das medidas que anunciou no início do ano: o crédito de carbono. Ele comentou que apesar dos créditos de carbono do estado serem considerados “vintages”, que tem menor valor de mercado, essa iniciativa tem trazido resultados positivos para o estado.

“Nós estamos agora desenvolvendo projetos nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável, onde foram apresentados 21 projetos para geração de crédito de carbono, que isso deve gerar o em torno de 163 milhões de toneladas num período de 30 anos com um retorno de algo em torno de 8 bilhões de reais”, afirmou.

O governador disse que uma das dificuldades do mercado de carbono é garantir a segurança jurídica dos créditos, mas que o Amazonas está em busca de certificações.

“Nós estamos construindo um arcabouço legal, que é inédito, inclusive, da Amazônia, não tem nenhuma construção jurídica parecida com essa. É um projeto que está sendo apoiado pelo Banco Mundial e também é um projeto que a gente está trabalhando para ter a certificação da Verra, que é a maior certificadora, uma das maiores certificadoras de crédito de carbono do mundo”, destacou Lima.

O executivo afirmou que independente desse processo, o Amazonas já tem um investimento de R$ 5 milhões de reais para essas comunidades. Além disso, que desses contratos com os vencedores dos projetos, 50% do repasse é voltado para ações de mudanças climáticas e 50% para investimentos nas comunidades. 

“Os outros 50% são destinados para investimentos na própria comunidade, como fortalecimento das cadeias produtivas, montagem de sistemas de abastecimentos de águas, placas solares, a questão de internet e outras benfeitorias lá na comunidade para melhorar a qualidade de vida dessas populações”

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