Aposentado

Ministério Público do AM aposenta promotor que comparou advogada a uma 'cadela'

Walber Luís do Nascimento vai receber R$ 42,3 mil por mês pelo afastamento

Carolina Givoni
28/09/2023 às 10:07.
Atualizado em 28/09/2023 às 14:44

(Foto: Arquivo A CRÍTICA)

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) aposentou “por tempo de contribuição” o promotor de Justiça Walber Luís do Nascimento que comparou a advogada Catharina Estrella a uma cadela, durante audiência na 3ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus. A decisão foi publicada no Diário Oficial Eletrônico da Instituição nesta quarta-feira, 27. 

O documento, assinado pelo Procurador-Geral de Justiça substituto, Ângelo Bambi Júnior, destaca que Walber Nascimento vai receber aposentadoria de  R$ 42,3 mil mensalmente, referentes ao salário de servidores ativos de R$ 37,7 mil com acréscimo R$ 4,6 mil de parcela de uma irredutibilidade, além de 13º salário. 
 
No dia 18 de setembro, o corregedor nacional do Ministério Público, Oswaldo D’Albuquerque, havia determinado o afastamento cautelar dele. Durante sessão do Tribunal do Júri realizada no dia 13 do mesmo mês, proferiu ofensas à advogada. O que, na avaliação do corregedor, configuraria a prática de conduta misógina e possível infração disciplinar.

Determinou ainda que o MP-AM não designasse Walber Nascimento para as sessões de julgamento do Tribunal do Juri, nem de  audiências judiciais. No dia 14 de setembro, a Corregedoria do CNMP já havia instaurado uma reclamação disciplinar para apurar o caso. No dia 19, o plenário do conselho confirmou a decisão tomada pelo corregedor. 

Relembre o caso

A advogada criminalista Catharina Estrella foi comparada pelo promotor de Justiça, Walber Luís do Nascimento, a uma cadela em uma cena gravada por ela mesma durante a sessão no dia 13 de setembro, no plenário do Tribunal do Júri, no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, bairro São Francisco, zona Centro-Sul. "Compará-la, vossa excelência, a uma cadela, de fato é muito ofensivo, mas não a vossa Excelência, à cadela", disse. 

No primeiro, momento, o promotor, argumentou em uma rede social que  teria tachado  a advogada de desleal. Disse que não iria se curvar as tentativas de “denegrir” a conduta dele que adotaria as medidas judiciais contra todos que “criaram” a “narrativa” de que ele teria ofendido a defensora. E disse que sua fala, na sessão do 
Tribunal do Juri, foi deturpada.  

"Na volta a sua fala, aos gritos, disse que tinha chamado todas as mulheres de cachorra. Na réplica eu disse que ela tinha entendido o que falei, que em respeito às mulheres, ela faria eu me casar caso engravidasse e não sei se a senhora sabe, os cachorros são leais e desde que a senhora chegou aqui e foi desleal comigo, com os jurados e com o juiz", acrescentou o  promotor ao A Crítica.

Após o ato de desagravo de advogadas e advogados em frente à Procuradoria-Geral e Justiça (PGJ) e à denúncia do caso ao CNMP, Walber Nascimento mudou o tom e, no dia 14, publicou em seu perfil em uma rede social uma retratação. “O promotor de Justiça, ciente da importância do respeito nas relações no âmbito jurídico, afirma, categoricamente, que jamais teve a intenção de ofender ou menosprezar as advogadas presentes e especialmante, a advogada Drª Catharina Estrella, profissional por quem nutre apreço, admiração e respeito, declarados inclusive na abertura de sua manifestação na sessão do dia 12/09/2023, bem como a todos os demais membros da advocacia”, publicou.

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