Gravidez na asolescência

Meninas do Norte são as que mais enfrentam gravidez na adolescência, aponta levantamento

Estudo revela que cerca de 300 mil jovens de 10 a 19 anos se tornaram mães em 2023, com prevalência maior entre negras e pardas na Região Norte

acritica.com
07/02/2025 às 11:14.
Atualizado em 07/02/2025 às 11:14

(Foto: Agência Brasil)

Meninas, de 10 a 19 anos, negras, pardas, pobres, com pouca escolaridade e habitantes da Região Norte. Esse é perfil das jovens mães brasileiras e o público-alvo a ser conscientizado para reduzir as taxas de gravidez precoce no Brasil. Um estudo encomendado pela farmacêutica global Organon à Sociedade de Economia da Família e do Gênero (GeFam) revela que, em 2023, o país registrou cerca de 300 mil partos naquela faixa etária, com 19,4% dos casos no Norte. 

Os dados constam na Carta Gravidez na Adolescência, divulgada agora, durante a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, de 1º a 8 de fevereiro. O levantamento mostra que 4,5% eram crianças de 10 a 14 anos — o que, pela Lei, é caracterizado como estupro de vulnerável. Roraima é o estado com maior prevalência de mães com idades entre 10 e 19 anos, com 10% dos partos.

A Carta Gravidez na Adolescência se baseia em dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, de 2005 a 2023. Há 20 anos, a marca de jovens mães superou a casa de 600 mil. Desde então, esse índice vem caindo, mas o fenômeno ainda afeta especialmente meninas e jovens negras e pardas de baixa escolaridade, com 64% das incidências, contra 34,5% na população branca. 

Além da vulnerabilidade socioeconômica, a gravidez precoce traz riscos de saúde para elas e seus bebês. "A gravidez precoce está associada a consequências adversas para as adolescentes e seus filhos, incluindo maiores riscos de complicações na gestação, como hipertensão e diabetes, além de maior probabilidade de prematuridade e mortalidade materna e fetal", explica a diretora de saúde feminina, Andrea Ciolette Baes. 

A gravidez entre meninas e adolescentes interfere ainda na trajetória educacional e profissional delas. Pesquisas apontam que a redução nos índices de gravidez precoce pode aumentar em 9,2% a taxa de conclusão do ensino médio e em 5,4% a sua participação no mercado de trabalho.

"A gravidez precoce possui efeitos negativos de longo prazo para essas jovens mães. Elas têm maior probabilidade de abandono escolar e de menor participação no mercado de trabalho, perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade", analisa a presidente do GeFam no Brasil, Lorena Hakak, doutora em economia e professora da Fundação Getúlio Vargas.

Para chamar a atenção para o problema, a Organon está promovendo uma campanha educativa que exibiu uma mamadeira e uma chupeta gigantes em plena Avenida Paulista, em São Paulo, na última sexta-feira. Com o slogan "Uma decisão desse tamanho", a ação faz alusão à importância das consequências de uma gravidez na adolescência. 

 Causas e soluções

 A gravidez precoce está associada a fatores como falta de acesso à educação — inclusive sexual —, limitações no acesso a contraceptivos e condições socioeconômicas adversas. A Carta Gravidez na Adolescência demonstra que a solução passa pelos bancos escolares. A expansão do número de colégios de ensino médio entre 1997 e 2009 ajudou a evitar que pelo menos uma adolescente se tornasse mãe a cada grupo de 50 estudantes matriculadas. No Ceará a adoção do programa de ensino em tempo integral reduziu a taxa de gravidez precoce em 0,9 ponto percentual. 

O estudo recomenda que, para superar esse desafio, a solução passa por políticas de educação pública e manutenção das jovens na escola, ampliação do acesso a serviços de saúde e contraceptivos, com informações sobre planejamento familiar e saúde reprodutiva; programas de transferência de renda que estimulem a permanência escolar; e suporte psicológico e social para essas jovens mães.

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